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Parker 51: uma joia

em Tecnologia
segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Na atualidade quase tudo o que escrevemos é escrito com a ajuda de um computador, tablet ou smartphone. Mas em um passado não tão distante, o mais sofisticado instrumento de escrita disponível era a Parker 51 – muitos consideram-na a melhor caneta tinteiro de todos os tempos.

Vivaldo José Breternitz (*)

Lançada nos Estados Unidos em 1941, após um longo período de pesquisa e desenvolvimento, teve sua produção praticamente paralisada em função da entrada daquele país na 2ª. Guerra Mundial. Apesar disso, a Parker continuou anunciando-a, o que criou uma demanda imensa, que demorou anos a ser atendida após a fábrica voltar a produzi-la normalmente no final da guerra. Aqui no Brasil, a empresa anunciava na revista “O Cruzeiro”, dizendo que em breve a caneta passaria a ser vendida em nosso país.

A Parker teve uma fábrica em São Paulo que operou de 1959 até o início dos anos 1990, e produzia aqui a 51 Mark II, de qualidade muito inferior à da original.

A caneta recebeu o nome “51” como referência ao 51º aniversário da empresa, que aconteceu em 1939, ano em que o produto teve seu desenvolvimento concluído – chama-la “51” resolveu um problema de marketing, que seria traduzir o nome para outros idiomas. 

De perfil, a caneta tinha alguma semelhança com o caça americano Mustang P-51, o mais avançado caça americano utilizado na guerra. O nome “51” nada tinha a ver com o avião, mas a Parker explorou a semelhança em suas campanhas publicitárias.

Inúmeras celebridades foram usuárias da “51”: Einstein, Churchill, Nelson Rockfeller, Margaret Thatcher, Lyndon Johnson, John   Kennedy, Lee Iacocca e Ernest Hemingway, entre outros. O General Eisenhower usou a sua para aceitar a rendição dos alemães ao final da guerra.

No Brasil, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso utilizou uma “51” de ouro, que pertencera a Getúlio Vargas, para assinar o termo de posse de seu segundo mandato em janeiro de 1999. 

Com pequenas alterações a caneta permaneceu em linha até 1972, tendo em 2002 a Parker lançado uma edição comemorativa destinada a colecionadores. Atualmente há uma nova versão no mercado, semelhante à original, mas de qualidade visivelmente inferior.

Ainda no Brasil, joalheiros do Rio de Janeiro produziam corpos e tampas em ouro maciço, destinadas aos usuários mais abastados – essas versões, chamadas “carioquinhas”, são muito disputadas por colecionadores.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.