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Governo alemão recomenda não usar software russo

em Tecnologia
sexta-feira, 18 de março de 2022

O órgão do governo alemão responsável pela segurança cibernética (BSI, na sigla em alemão) acaba de recomendar que todos os usuários evitem o uso de antivírus e ferramentas de segurança para computadores produzidos pela Kaspersky, empresa criada na Rússia em 1997.

Vivaldo José Breternitz (*)

Segundo o BSI, os produtos dessa empresa podem ser usados para ataques informáticos. A Kaspersky, que afirma ter mais de 400 milhões de usuários pessoas físicas e 240 mil clientes corporativos no mundo, nega isso, afirmando ser uma empresa privada global de segurança cibernética e, como tal, não tem vínculos com o governo russo ou qualquer outro.

O BSI diz que a empresa de tecnologia russa pode ​​ser forçada pelo governo russo a realizar operações ofensivas, atacando sistemas contra sua vontade, ser espionada sem seu conhecimento ou ser usada para ataques contra seus próprios clientes.

O alerta do BSI e a recomendação de substituição dos sistemas de segurança fornecidos pela Kaspersky, dirige-se especialmente operadores de infraestruturas críticas, que são particularmente vulneráveis. Um exemplo, é o Aeroporto de Munique, um dos maiores da Europa (50 milhões de passageiros, 100 companhias aéreas e voos para 250 destinos em 75 países), confiou sua segurança de computadores e dados ao sistema Kaspersky Threat Intelligence em outubro passado.

Não é a primeira vez que a Alemanha acusa a Rússia de estar por trás de ataques informáticos sofridos por suas instituições. O mais significativo aconteceu em 2015, quando um ataque paralisou a rede de computadores do Bundestag, o parlamento alemão, por vários dias. A justiça alemã também abriu uma investigação por suposta espionagem informática de deputados, tendo a Rússia negado essas acusações.

A empresa de segurança já fora vetada em 2017 pelo então presidente americano, Donald Trump, que proibiu a utilização dos programas desta empresa por órgãos do governo, por considerar que ela era vulnerável à influência do Kremlin.

Segundo empresas de pesquisa de mercado, a Kaspersky detém uma fatia de cerca de 12% do mercado em que atua. Seu antivírus gratuito (Kaspersky Security Cloud Free) é considerado muito eficaz, sendo um dos mais utilizados em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Em 1º de março, antes da invasão da Ucrânia, o criador e diretor geral da empresa, Eugene Kaspersky, emitiu um comunicado no qual afirmava que “a guerra não é boa para ninguém” e defendia “o diálogo pacífico como o único instrumento para resolver conflitos”. Esperamos que isso se torne realidade o mais brevemente possível.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.