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O pão e o progresso

em Opinião
quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

A época exige empenho em conhecer as coisas e as causas.

Os livros têm de trazer isso de forma inteligente, criativa, narrada de forma natural, sem forçar a barra com ideologias e outros meios para impor a sua verdade. Os leitores têm de dedicar interesse, tempo, ler, examinar, aprender. Pais e professores têm de mostrar o valor dos livros e sua contribuição para adquirir a visão correta do mundo, e não aquela deformada por autores neuróticos ou por interesses de seduzir para lucrar.

Novos tempos, novos e complicados problemas, mas é preciso atenção e buscar soluções para não detonar a economia interna. Vamos acolher o postulado da lei do mais forte e aniquilar os mais fracos? No caso dos livros, temos, em confronto com as livrarias tradicionais os e-books, a venda pela internet, queda na renda e perda da cultura do livro, assim como muitos produtos. Mas, no geral, quando ocorre entrada de importados mais baratos é bom para os consumidores, porém a indústria local definha. Então, como resolver o desemprego crescente?

Quanto menos a população lê, mais atrasado é o país. Os livros sempre acabam mostrando a forma como a humanidade está vivendo, permitindo análises e reflexões que ampliam os horizontes; mas quando levados para as telas, as imagens acabam se impondo, restringindo os seres humanos.

Como ajustar o Brasil deficitário e seus gestores perdulários e descuidados diante do quadro de incertezas e fragilidades da economia brasileira e mundial? O que faria o sr. Manuel, dono da padaria, se encontrasse o seu estabelecimento quase falido? Certamente adotaria bom senso, austeridade, redução de custos e empenho em fazer o melhor.

O mundo está virado. Irresponsabilidade, especulação financeira, capitalismo de Estado, apagão mental. Insatisfação e revolta por todos os lados. Um cheiro de guerra no ar. Para fazer o pão é indispensável a prudência do padeiro e a serenidade da população. O descuido com as pessoas deu ensejo ao ingresso de extremistas no poder, mas acabaram enfiando as mãos e os pés na grana. A falha está no ser humano.

Historicamente, os artesãos que deram início à produção de bens agiam não apenas com o intuito de acumular ganhos. A partir das atividades dos artesãos foram surgindo as pequenas fábricas lideradas por homens que tinham raízes na terra onde nasceram. A capacidade de produção foi aumentando, exigindo investimentos e, por fim, requerendo aumento de consumo.

Dos pequenos líderes iniciais que criaram as empresas de família, pouco restou; muitas das grandes corporações adquiriam esses pequenos negócios e agora estão nas mãos dos grandes Fundos que operam globalmente e buscam, como prioridade, obter lucros nas vendas e na valorização das ações e por essa razão estão inquietos com a displicência da classe política e o surgimento de disruptores no sistema eleitoral. Parece que as experiências de Estado forte fortaleceram a ideia de Estado único planetário.

Poder central, dinheiro único, padronização geral de educação, usos e costumes, nada de eleições, pois a classe política se revelou interesseira e gananciosa. Tudo é aproveitado pelos interessados para conduzir o mundo para o governo único. Ao lado disso, a natureza vilipendiada está dando o seu troco, pois suas leis jamais foram respeitadas pelos poderosos. Cobiça de poder é uma coisa; o desarranjo da natureza é outra que não pode ser menosprezado. Os governos devem se voltar para suas fronteiras, mas não podem desrespeitar as leis naturais que mantêm as condições de vida.

No mês de novembro do ano de 1889 tinha início a República do Brasil, num país rico em recursos ofertados pela natureza, mas pobre face aos maus governos que teve. Passaram-se 129 anos. Há miséria, destruição e precarização para onde quer que se olhe. Neste ano de 2018 ocorreu a eleição para presidente e governadores estaduais. Os cidadãos esperam que prevaleça boa vontade para o bem e que haja nos novos governantes qualidades necessárias para reverter a situação, tornando o Brasil um país humano.

Esperemos que o país possa reencontrar o caminho do progresso com paz e seriedade.

(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). E-mail: ([email protected]); Twitter: @bidutra7