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A retomada dos negócios exigirá estratégias agressivas

em Mercado
sexta-feira, 15 de maio de 2020

A crise provocada pelo novo coronavírus afetou as atividades de 76% das empresas e causou o fechamento de mais de 600. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que mais de 50% dos empresários estão enfrentando dificuldades para pagar as despesas.

Mas o dado que mais chama atenção na apuração feita pela CNI é o fato de que 3 em cada 4 consumidores pretendem manter redução no consumo pós-pandemia. Ou seja, o cenário pode não ser dos mais promissores por um longo tempo.

Além da redução de provocada pela crise econômica, especialistas têm apontado para uma alteração na forma de consumir. “Os empresários, para manter o funcionamento de suas atividades durante a pandemia, apresentaram aos clientes um novo formato de prestação de serviço, que para muitos consumidores é mais conveniente. Certamente esses empresários terão de manter o serviço depois da abertura do comércio”, explica o advogado especialista em Direito Empresarial, Leandro Rufino, do Rufino & Rebuá advogados.

Segundo Rufino, nem todas as empresas estão preparadas para essa mudança. “As empresas já estão passando por problemas financeiros, decorrência da crise econômica observada nos últimos anos e que foi agravada de maneira brutal agora, com o fechamento do comércio em todo o Brasil. A isso, terão que somar os esforços da mudança no modelo de negócio, seja para atender durante a pandemia e não quebrar, seja para atender a esse público que criou um novo hábito de consumo”, conta.

Uma alternativa para as empresas é se reinventar, passar por um processo de turnaround. O turnaround é um conjunto de ações estratégicas com vistas ao reposicionamento da empresa no mercado. “Primeiro é preciso fazer uma analise minuciosa da contabilidade da empresa, dos seus processos administrativos, da gestão de pessoas e da relação com fornecedores e parceiros.

É preciso um olhar multidisciplinar e qualificado, visto que, em geral, quando se começa um processo de turnaround não se tem nenhum recurso para gastar com o que não é absolutamente necessário. Não dá para errar”, alerta o especialista. Depois da análise, os consultores avaliam a necessidade de mudança de procedimentos, de modelo de negócio, cria – caso não exista – planejamento, promovem negociação com credores e fornecedores, renegociam dívidas e, apresentam modelos de acompanhamento gerencial.

Várias empresas têm passado, desde 2016 por processos de turnaround. Entre elas a Magazine Luiza e o Pão de Açúcar. Mas a reestruturação de empresas é possível para todos os tamanhos de empresas. “Os micro, pequenos e médio empresários precisam se reestruturar de maneira mais rápida que as grandes empresas, porque têm menos reserva, menor capital de giro e mais dificuldade de acesso a crédito. Se elas não adaptarem seu negócio para a nova realidade, certamente terão dificuldades para sobreviver a crise e se reposicionar”, lembra Leandro Rufino (Re9 Comunicação).