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Oferta de frutas é similar em regiões ricas e pobres de São Paulo

em Especial
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
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Oferta de frutas é similar em regiões ricas e pobres de São Paulo

Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP revela que a disponibilidade de frutas e hortaliças frutosas (que dão frutos), na cidade de São Paulo, é semelhante em bairros com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) alto e baixo

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Júlio Bernardes/Agência USP de Notícias

A conclusão é feita no estudo da nutricionista Julia Mercedes Pérez Florido, que verificou a presença de tipos de frutas existentes em feiras livres e supermercados da cidade. A pesquisa também procurou identificar a informação nutricional existente sobre cada tipo de fruta.

Com base nos resultados, a nutricionista sugere que o consumidor escolha tipos variados, pois cada fruta possui diferentes concentrações de micronutrientes essenciais para a saúde, como vitaminas e antioxidantes.Frutas temporario

As frutas e hortaliças pesquisadas mais adquiridas em São Paulo, de acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE, foram: banana, laranja, mamão, maçã, abacaxi, tomate, abóbora, pepino, pimentão e berinjela. “Para cada fruta foram definidos grupos de mercado, conforme o formato, tamanho e textura, obedecendo os critérios da FAO e do Ministério da Agricultura”, aponta Julia. “No caso da banana, por exemplo, são seis tipos: da terra, nanica, prata, ouro, figo e maçã. Os grupos de mercado foram identificados e registrados em visitas aos vendedores da Ceagesp, em São Paulo”.

As informações sobre disponibilidade de informações nutricionais foram obtidas na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, nas Fontes Brasileiras de Carotenoides e em publicações técnicas. A nutricionista visitou 73 estabelecimentos (55 supermercados e 18 feiras livres) em duas ocasiões, nos anos de 2014 e 2015. Dos 96 distritos da cidade de São Paulo, foram selecionados: seis com IDH alto, seis com IDH médio e seis com IDH baixo. “Não houve diferenças significativas nos preços de um ano para outro”, destaca a nutricionista.

oferta temporario“Independente do IDH da região, em quase 100% dos locais de venda estavam presentes os seguintes grupos de mercado: banana-nanica e banana-prata, laranja-pera, maçã-gala e abacaxi-pérola, entre as frutas, e pimentão-verde e berinjela comum, entre as hortaliças frutosas”. Em regiões com o mesmo IDH, a variedade de tipos de frutas e hortaliças frutosas era maior nas feiras livres do que nos supermercados, diferença também verificada nos preços. “Numa área de IDH alto, o quilo do tomate tipo grape custava em média R$ 16,90 na feira e R$ 25,30 no supermercado”, afirma Julia.

O estudo apurou que a disponibilidade de frutas nos bairros com IDH alto e baixo é elevada e semelhante, ainda que seja inferior nas regiões de IDH médio. “Esse dado nos surpreendeu, já que a diversidade de frutas e hortaliças foi semelhante entre os distritos de baixo e alto IDH, mostrando que os distritos menos favorecidos possuem também elevada diversidade, o que é muito positivo”.

 

 

 

 

INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS

A pesquisa apontou a ausência de informações nutricionais para alguns grupos de mercado, como no caso da berinjela. “Nas fontes consultadas, só há dados sobre a berinjela comum. Não há nenhum tipo de informação, como o teor de fibras e de vitaminas A e C dos demais cinco grupos de mercado comercializados em São Paulo: japonesa roxa, japonesa preta, branca, conserva e redonda”, ressalta Julia. “Essa lacuna precisa ser preenchida por pesquisas de composição nutricional que incluam os grupos de mercado disponíveis no comércio”.Oferta2 temporario

Segundo a nutricionista, ao saber o valor nutricional de cada tipo de fruta, os nutricionistas podem fazer indicações conforme a necessidade do paciente. “Por exemplo, de acordo com os dados levantados, a banana-terra tem 39 vezes mais vitamina A que a banana-maçã e 30 vezes mais que a banana-nanica. A banana-prata tem o dobro de cálcio que a banana-maçã, ou seja, cada grupo tem sua peculiaridade”, afirma.

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Julia sugere que a compra seja feita sempre que possível em feiras livres, pois a variedade é maior do que nos supermercados. “O consumidor também precisa variar os tipos de uma mesma fruta, pois terá maior diversidade de micronutrientes e vai incentivar a produção alimentar, pois a maior parte das frutas e hortaliças frutosas vem de pequenas propriedades”. Outra sugestão para os consumidores é dar preferência ao consumo de frutas da época, pois as condições de temperatura e chuvas nas regiões de cultivo influenciam nas concentrações de nutrientes.

“Um exemplo é o mamão-formosa cultivado na Bahia, que possui níveis elevados de concentração de carotenoides, substâncias que combatem os radicais livres no organismo, prevenindo a ocorrência de doenças degenerativas”, diz Julia. “A maior incidência do sol na Bahia faz com que o mamão tenha mais carotenoides do que a fruta do mesmo tipo cultivada em São Paulo”. A nutricionista aponta que as conclusões da pesquisa podem servir de estímulo aos desenvolvedores de sementes para criarem cultivares não apenas resistentes a pragas, mas também ricos em nutrientes.

“A pesquisa constatou que o tomate do tipo grape possui maior concentração de licopeno, um composto antioxidante associado à prevenção do câncer”, afirma. “Esse grupo de mercado surgiu a partir do cultivar BRS Zamir, desenvolvido pela Embrapa, com o objetivo de produzir um tomate com altos teores de licopeno”.