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ESG não pode ser um cardápio e sim um tripé para as empresas

em Destaques
domingo, 27 de fevereiro de 2022

Odebate em torno do ESG (sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança), impulsionado durante a pandemia, tem recebido mais atenção de gestores de pequenas e médias empresas (PMEs).

O desafio é pensar em investimentos mais direcionados e priorizar ações da empresa como um todo. E, na maioria das vezes, a demanda é externa. “A questão climática está em voga. O mercado financeiro, por exemplo, está muito orientado a esse tema específico, que chegou a ele por pressão.

ESG não é somente risco e compliance, mas também um diferencial competitivo.
É preciso ler essas três letras, como elas se inter-relacionam, e montar uma estratégia que faça sentido para aquele tamanho de empresa, para aquele setor”, explica Leonardo Dutra, da consultoria na área de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da EY.

Pesquisa realizada no ano passado pela Amcham Brasil, com 178 líderes de companhias e startups, revelou que 95% já iniciaram algum engajamento em ações sustentáveis nas empresas, 68% reconhecem os benefícios diretos da adoção do ESG e 23% identificam as?vantagens indiretas.?

O documento mostra também?que, do total de engajados, 37% atuam em um planejamento mais ativo em torno do ESG, mas ainda estão mapeando os pontos que podem ser trabalhados com mais efetividade. A grande dúvida para aqueles que ainda não iniciaram nenhuma ação é por onde começar.

Dutra afirma que o primeiro passo é a empresa entender o ESG para ela. ESG é um conceito e muitos empresários o entendem como um cardápio. “Abrem o cardápio do ESG e pinçam mudança climática, recurso hídrico, ética e transparência, diversidade e inclusão. Mas a ideia não é que seja um cardápio, mas um conceito de tripé.

Qual diferença fará no meu resultado, no valor que eu gero na questão ambiental relacionada com a climática com a social e com a governança? O primeiro ponto que toda empresa deveria ter em mente é essa lucidez de conceito”.

O segundo passo é o que se chama de “estudo de materialidade”: identificar o que é importante no negócio da empresa considerando a visão de quem participa do negócio. “Uma empresa de bens de consumo não pode achar que pode eleger um tema ESG e colocar no mercado porque tem uma outra parte lá na frente, o consumidor, que diz se o produto será bem aceito ou não”, diz Dutra, ao citar como
exemplo o mercado de produtos saudáveis.

Algumas questões são importantes: Como foi produzido? Tem mão de obra análoga ao escravo? Está seguindo critérios ambientais corretos? Tem informações no rótulo que permitem ao consumidor saber que aquele produto tem origem de produção responsável? “Isso é o ESG. E esse exercício de materialidade vai permitir à empresa selecionar aqueles temas que vão fazer a diferença para ela no modelo de negócio dela”.

O último passo é atribuir métricas para essas ações. A métrica ESG deve estar junto das demais métricas da empresa. Ela é tão importante quanto às demais, mas muito mais desafiadora de fazer. “Dá trabalho construir. Não é tão simples como se aplicar uma equação e obter o resultado. A mudança não é de uma hora para outra. A empresa vai construindo o resultado ao longo do tempo.

É necessário investimento. Precisa ser criada e reportada com uma determinada periodicidade. A empresa gasta, no mínimo, horas de sua equipe para fazer isso. Mas a contrapartida desse investimento é a posição que a empresa planeja ter”, finaliza Dutra (AGÊNCIA EY).