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Quando a previsão é boa

em Artigos
sexta-feira, 06 de dezembro de 2019

Orlando de Souza (*)

Há quem diga que a economia é a única ciência em que a crença afeta a previsão.

Diferentemente do clima, o humor do mercado pode influenciar, mas não determinar resultados. Embora os números da economia não tenham alcançado as expectativas anunciadas no início do ano, reformas importantes foram aprovadas em 2019, e a tendência de crescimento é inequívoca.

O estudo realizado pela Hotel Invest, em parceria com o FOHB-Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, aponta que a hotelaria brasileira continua ascendendo de maneira significativa em 2020 após um período de fortes baixas de anos passados. Com previsão do Ministério da Economia de que o PIB cresça 2,32% no ano que vem, a 13ª edição do Panorama da Hotelaria Brasileira veio para justificar tamanho otimismo.

As hotelarias de Belo Horizonte, Vitória, Porto Alegre e Curitiba foram as que mais tiveram motivo para comemorar, sendo as únicas em que os três indicadores de desempenho – Taxa de Ocupação, Diária Média e RevPAR – ultrapassaram as expectativas. Outras cidades com RevPAR positivo são o Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Quando se fala de Diária Média, o resultado foi além do imaginado apenas em São Paulo e Salvador.

Ademais, ao se observar o plano geral, todos os indicadores tiveram inclinação positiva, com taxa de ocupação real 5,7% acima do esperado e a diária 4% superior às projeções.
Espera-se 177 novos hotéis, 25.984 novas UHs e quase
R$ 7 bilhões investidos. Houve um aumento de 44% no total de hotéis a serem lançados em 2020 em relação ao ano presente e de 39% no total de UHs, o que faz com que o montante investido suba 64%.

De todos estes novos estabelecimentos, os hotéis econômicos e super-econômicos representam juntos 64% de todos os novos empreendimentos, sendo metade deles de redes nacionais e metade de redes internacionais. O mercado de condo-hotéis é o que tem mais lançamentos neste período, sendo 65% dos estabelecimentos a serem lançados neste formato, 33% de hotéis e apenas 2% de flats. No que diz respeito a quantidade de UHs, 72% terão até 199 acomodações, enquanto 25% terão de 200 a 399 e 3% terão 400 ou mais quartos.

De todas as 25.984 UHs a serem lançadas, 75% delas estão localizadas nas regiões Sul e Sudeste. Os estados com maior número de novas unidades por região são: Sul – Santa Catarina com 2.048 UHs e 14 hotéis; Sudeste – São Paulo com 8.696 UHs e 55 hotéis; Nordeste – Alagoas com 1.069 UHs e 6 hotéis; Centro Oeste – Goiás com 901 UHs e 6 hotéis; Norte – Amazonas com 464 UHs e 3 hotéis. No total, apenas 34% de novas unidades estão localizadas nas capitais e 66% se encontra em cidades do interior ou de regiões metropolitanas.

A Medida Provisória do turismo com validade de 120 dias a partir de 26 de novembro também trará fôlego aos hoteleiros, uma vez que suspende a cobrança da taxa do Ecad em apartamentos. A alta do dólar e a facilidade de vistos em mercados estratégicos, além da mudança de status da Embratur poderá influenciar positivamente o aumento de turistas no Brasil.

Cautela é sempre bom, mas otimismo é essencial para o próximo ano.

(*) – É presidente executivo do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB).