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Qual será o futuro do Brasil?

em Opinião
sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

Há muitas pessoas que se intitulam estadistas, mas a melhor definição seria “entreguistas”.

São arremedos de governantes que se postam como donos do país e das decisões, mas seguem o rastro da destruição em vez de alcançar a prosperidade. Endividam o país e depois não conseguem deter o avanço da miséria. A Venezuela deve US$ 50 bilhões à China, que começou a cobrar essa dívida, parando assim de pagar pelo petróleo, fonte de US$ 12,7 bilhões ao ano, considerando o barril a US$ 80. Assim foi com México, Brasil, Argentina e tantos outros mal governados.

A estúpida visão dos candidatos tem a ver com a cobiça pelo poder. Para influenciar eleitores, se aproveitam das insatisfações prometendo o irrealizável. A oscilação da cotação do dólar mostra o quanto o mundo se tornou dependente de uma moeda controlada pelos comandantes do dinheiro que sabem o que querem e como fazer subir ou descer a sua cotação, acarretando efeitos danosos como perdas e desorientação.

Em ambos se percebe que o que menos interessa é o progresso da humanidade; prevalece o desejo de dominar à custa da decadência geral. Dólar a R$ 4,20 está errado? Dólar a menos de um real, no início do Plano Real, estava certo? Um por um sem base, tinha de iludir e explodir lá na frente como aconteceu. Foi como uma injeção de morfina que enfraqueceu o paciente. A economia do Brasil está perto da UTI pela falta de seriedade e os candidatos estão enrolando, buscando alguém para culpar. Há muitas injustiças que precisam ser sanadas.

No passado, acontecimentos tristes afetaram as vidas de Tiradentes, Imperatriz Leopoldina, José Bonifácio, D. Pedro II. Mais recentemente outros homens públicos também enfrentaram dificuldades, provavelmente vítimas de interesses contrariados. Consequentemente foi prejudicado o Brasil, país abençoado, mas que, saqueado desde o descobrimento, se acha na encruzilhada da vida. Ouro, metais raros, petróleo, mercado, é tudo o que querem do Brasil, e há também um povo indiferente, sem fibra para se esforçar pela melhora geral das condições de vida.

Desde a complicada tratativa da crise da dívida externa, que explodiu com o choque de juros nos anos 1980, a economia normal perdeu o rumo. As atividades especulativas, o choque do petróleo e a concentração de riqueza abriram o caminho da precarização geral que poderia ter sido evitada se cada país tivesse mantido um mínimo de equilíbrio nas contas internas e externas, na importação e exportação, na produção, comércio e empregos.

Os governantes achavam que com papel e tinta podiam criar dinheiro à vontade para pagar as contas descontroladas. Depois da explosão de Bretton Woods, em 1971, as coisas desandaram. Juros, arbitragem, câmbio, crédito, passaram a ser a nova máquina de fazer dinheiro à custa da freada no progresso e do aumento da miséria.

Setembro de 2001 marcou o início do desmanche da ilusão financeira. Em setembro de 2008, Lehman Brothers pediu falência. Dez anos após estamos vivendo a crise e o artificialismo econômico financeiro cambial que algemou a economia dos Estados em passivo de dívidas gigantescas, enquanto a globalização aglutinava a produção industrial com larga economia de escala e utilização da mão de obra mais barata disponível e automação, varrendo milhões de postos de trabalho.

O consumo passou a depender do financiamento, mas com renda restrita houve um sufoco de dívidas. Enquanto os consumidores se debatem em dívidas e baixa renda, já se percebe encalhe de produtos criando a nova estagnação, com a precarização observada no consumo de grande parcela da população mundial.

Com pouca educação e baixo discernimento, a humanidade vai decaindo. A tendência da atual economia e finanças é obscura porque as operações especulativas vão se ampliando, roubando o espaço da economia física de atendimento às necessidades humanas. Para melhorar o futuro temos de conscientizar os jovens de que o estudo é para se aprimorarem e buscarem melhores condições de vida.

O mundo tem de melhorar com professores se empenhando em preparar alunos como cidadãos de qualidade, que irão para a escola, impulsionados pelos pais, com o desejo de aprender, com clareza no pensar e propósitos enobrecedores.

(*) – Ggraduado pela FE A/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). E-mail: ([email protected]).