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O reconhecimento facial chegou ao canteiro de obras

em Opinião
quarta-feira, 06 de fevereiro de 2019

Valmor Fernandes (*)

Reconhecimento facial para identificar os trabalhadores que entram no canteiro de obras?

Se eu te convidar para imaginar isso em um cenário de construção civil, cheio de terra e poeira, este tipo de controle de acesso (que não é muito comum nem em ambientes super tecnológicos) pode parecer algo
futurístico. Mas, hoje, aqui no Brasil, já temos grandes players do setor apostando nessa inovação – e colhendo benefícios, inclusive, para outras áreas extremamente sensíveis dos seus negócios.

Ter total controle sobre quem entra e sai das obras é um dos grandes desafios das construtoras e incorporadoras. A alternativa de realizar a
identificação por biometria digital nas catracas de acesso, por exemplo, acaba dificultada pelo desgaste natural da pele das mãos dos trabalhadores da construção civil. Para lidar com este e outros pontos das suas operações no dia a dia, as empresas encontraram respostas na tecnologia.

Com o reconhecimento facial, garante-se que apenas a pessoa autorizada entre na obra, mas isso vai muito além da segurança de acesso ao espaço físico. Normalmente, a construtora contrata uma empreiteira para a realização da obra e, a partir daí, ela é responsável por todos os funcionários, inclusive dos seus fornecedores terceirizados. Porém, há algumas peculiaridades nessa dinâmica.

Todo trabalhador precisa estar com uma série de atestados em dia, como alguns exames de audiometria ou de saúde ocupacional. Existe uma fiscalização constante em cima disso por parte dos Órgãos responsáveis e, caso sejam identificados funcionários em atividade com a documentação irregular, a incorporadora é punida, juntamente com as suas subcontratadas.

E como o reconhecimento facial pode ajudar a eliminar esse risco? É possível integrar o sistema de leitura facial nas catracas a um software de cadastro dos trabalhadores, com as suas respectivas documentações. No primeiro acesso, a tecnologia faz a identificação
dessas pessoas, cruzando os seus dados à sua imagem. A partir daí a entrada só é liberada para quem está com a documentação 100% em dia, caso contrário, o bloqueio é imediato e automático.

Dessa forma, a construtora se protege, com a certeza que todos estejam dentro das exigências legais, e garante que o trabalhador no canteiro seja, de fato, aquele que consta em registro e não um substituto, que não tenha passado por um controle interno, algo comum de acontecer. Assim, a tecnologia também ajuda a reduzir, consideravelmente, possíveis perdas com multas trabalhistas.

Posso citar, ainda, outro benefício da adoção do reconhecimento facial. As construtoras passam a ter em mãos relatórios diários de entrada e saída, com os horários e o número exato de trabalhadores em campo. Com isso, têm melhor visibilidade em relação ao avanço da obra, por parte do serviço prestado pela empreiteira contratada.

Em caso de queda na produtividade, por exemplo, é possível determinar se houve uma redução de profissionais alocados e se isso implicará em atrasos na conclusão do projeto. A incorporadora consegue ser mais rígida nas suas cobranças, baseada em dados, e, com isso, executa uma gestão cada vez mais precisa, com foco no cumprimento dos prazos.

O mundo já se digitalizou e essa transformação também precisa fazer parte da construção civil, não apenas na forma de levantar as paredes, mas na inclusão da tecnologia no dia a dia dos trabalhadores. Os benefícios da inovação na segurança e controle são múltiplos para as construtoras, profissionais e todo o ecossistema.

Portanto, sorria! Você pode estar sendo filmado!

(V) – É diretor presidente Teltex (www.teltex.com.br).