Roger Sasazaki (*)
Os pagamentos digitais estão passando por uma transformação acelerada nos últimos anos, impulsionados por avanços tecnológicos, mudanças regulatórias e novos hábitos de consumo. Se antes apenas dinheiro ou cartões físicos eram utilizados, hoje temos opções como carteiras digitais e pagamentos por aproximação, como o Pix. A tecnologia avança rapidamente, e as empresas precisam acompanhar essa evolução. Mas quais são as tendências que definirão o futuro dos pagamentos? E como as fintechs estão contribuindo nessa transformação?
O lançamento do Pix por aproximação no Brasil marcou o início de uma nova era de transações rápidas para os usuários. O modelo entrou em operação em fevereiro, com o objetivo de proporcionar mais comodidade, facilidade e rapidez para quem utiliza o sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central (BC). Com isso, as principais instituições financeiras permitem que seus clientes vinculem suas contas em carteiras digitais para pagamentos utilizando o Pix, eliminando a necessidade de acessar o aplicativo específico da instituição para concluir as transações.
Apesar do mercado estar constantemente inovando para simplificar e tornar os pagamentos mais acessíveis para todos, os brasileiros ainda enfrentam receios quanto à segurança dessa tecnologia. De acordo com uma pesquisa encomendada pela Fiserv e realizada pela Opinion Box, 55% dos entrevistados não fazem esse tipo de transação por medo de fraude, 21% não sabem como fazer a operação e 12% não realizam por conta da rede de celular ser instável.
Contudo, tanto o processo de vinculação da conta quanto o pagamento são protegidos por mecanismos robustos de segurança. Todas as transações exigem autenticação por senha ou biometria, garantindo que apenas o titular da conta possa autorizar os pagamentos, o que torna o Pix uma opção segura e confiável.
Embora haja essa insegurança, desde o seu lançamento, o Pix vem superando o dinheiro como meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros. Segundo estatísticas publicadas pelo Banco Central, mais de 150 milhões de pessoas físicas já realizaram pelo menos uma transação de pagamento utilizando o Pix. Além disso, seis em cada dez brasileiros usaram o Pix ao menos uma vez por mês, durante o ano passado, tanto para pagamento de contas quanto para transferências, de acordo com o estudo Geografia do Pix, do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Já a pesquisa realizada pela PwC Brasil e Instituto Locomotiva, indica que os consumidores das classes C, D e E utilizaram o Pix como principal forma de pagamento (66%), seguido do cartão de crédito (61%) e dinheiro (47%).
Com a crescente adoção do Pix e a chegada do pagamento por aproximação, o Brasil avança para um cenário de transações cada vez mais rápidas, práticas e acessíveis. De acordo com dados da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) de 2024, aproximadamente 60 milhões de brasileiros e empreendedores integraram o sistema financeiro nos últimos 10 anos, impulsionados pelos pagamentos instantâneos do Pix, e isso tem sido fundamental para a inclusão financeira.
As fintechs, conhecidas por sua agilidade em relação aos bancos tradicionais, têm sido grandes impulsionadoras dessas inovações, desenvolvendo soluções que facilitam o acesso aos serviços financeiros e aumentam a eficiência do ecossistema de pagamentos.
De acordo com o relatório “Payments 2025 & Beyond”, da PwC, por exemplo, espera-se que o volume de pagamentos digitais aumente em 52% até o final de 2025, com um crescimento contínuo de 48% até 2030. Também se prevê um aumento no uso de carteiras digitais. Ainda sobre a mesma pesquisa, 86% dos entrevistados acreditam que os provedores de pagamento tradicionais colaborarão cada vez mais com fintechs e empresas de tecnologia para impulsionar a inovação e 45% concordam que haverá um aumento significativo no investimento em tecnologia móvel.
Conforme o mercado segue inovando, o Pix por aproximação tem potencial para se consolidar como um dos principais meios de pagamento do país, facilitando o dia a dia da população e impulsionando a digitalização financeira. O futuro dos pagamentos digitais também será moldado pela adoção de novas tecnologias e pela capacidade do setor de se adaptar às novas demandas dos consumidores.
As fintechs continuarão desempenhando um papel crucial nessa evolução e diante desse cenário, empresas e consumidores precisam estar atentos às novas tendências para aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas por essa transformação digital.
(*) Diretor e co-founder da Up.p, instituição financeira que oferece antecipação FGTS do Brasil, com taxas a partir de 1,29% ao mês.