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Indústria de óleo e gás vive caminho da transição energética

em Mercado
quinta-feira, 03 de dezembro de 2020

Mudanças ganham ritmo com novo governo nos EUA; petróleo ainda terá espaço até, ao menos, 2050.

O caminho para a indústria de óleo e gás no mundo é o da transição energética, em um cenário com espaço para diversificação das fontes de energia e de avanço das renováveis, especialmente após a mudança de governo nos EUA, com a eleição do democrata Joe Biden. Nesse novo ambiente de transformação, porém, o consumo de petróleo e gás continuará presente no longo prazo.

Essas são algumas das conclusões dos debates da Rio Oil & Gas em seu segundo dia de evento, que tratou ainda de temas como E&P, downstream, biocombustíveis, gás natural, entre outros.

Na estreia do CEO Talks, o novo CEO global da Equinor, Anders Opedal, reforçou a meta da companhia de zerar as emissões líquidas de carbono até 2050. Até lá, disse, o mundo vai continuar demandando óleo e gás. Mas ressaltou: “Não podemos focar apenas na produção de óleo e gás, mas sim em produzir com a menor emissão de carbono possível”.

Daniel Yergin, vice-chairman da IHS Markit, disse que o crescimento das energias renováveis está alinhado com o compromisso de muitos países em alcançar metas de transição energética, estabelecidas no Acordo de Paris, com o avanço para uma matriz limpa. “Devemos avaliar a escala que será necessária, inclusive em relação à cadeia de valor e aos recursos disponíveis.”

Em sua análise, o mercado de petróleo e gás terá uma retomada a partir do segundo semestre de 2021, especialmente após a descoberta de uma vacina para a Covid-19. A China, diz, se posiciona como líder em demanda global por óleo. O Brasil, segundo ele, é um “grande laboratório [da produção] offshore”, mas precisa de “clareza regulatória e transparência” para manter o crescimento da produção, dentro da convergência com as demandas da agenda ESG.

Para Yergin, Joe Biden terá papel fundamental no fomento de políticas públicas para combate às mudanças climáticas. O governo norte-americano, avalia, deverá mostrar planejamento em curto prazo, especialmente porque a China pretende mitigar emissões líquidas até 2060.

Para outro convidado internacional desta edição, Jason Bordoff, diretor e fundador da School of International and Public Affairs da Universidade de Columbia, Biden promoverá o debate sobre o uso mais amplo do hidrogênio, de tecnologias CCUS e do fomento à mobilidade urbana elétrica.

No Brasil, o exemplo veio de Rafaela Guedes, economista-chefe da Petrobras, que indicou que a companhia tem metas ambiciosas para redução de emissões líquidas até 2030, mas observou que o cenário do setor ainda é incerto. “Será uma recuperação gradual, mas vemos uma competição maior em renováveis e que a transição se acelerou.”