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Goldfajn diz que crescem os riscos para inflação no Brasil

em Manchete Principal
quinta-feira, 27 de setembro de 2018
Goldfajn temprario

Goldfajn temprario

Taxa de juros pode voltar a subir, diz o presidente do BC, Ilan Goldfajn. Foto: Marcelo Camargo/ABr

A política monetária deve continuar a ser estimuladora para a economia, mas a Selic pode voltar a subir caso haja piora nas expectativas para a inflação. A avaliação foi feita ontem (27) pelo presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, ao apresentar o Relatório de Inflação. “Temos compromisso com inflação na meta e, portanto, alertamos que esse estímulo começará ser removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e seu balanço de riscos apresentem piora”, afirmou.
Ao definir a taxa Selic, o BC está mirando na meta de inflação, que é de 4,5% neste ano e 4,25%, em 2019. Segundo Goldfajn, há três riscos para a inflação. Um deles é a capacidade ociosa da economia, que pode reduzir a inflação. “Temos a capacidade ociosa que pode nos surpreender e levar a inflação a ficar mais baixa. Mas em compensação, temos dois riscos. Um deles é o de frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes; e o outro é o cenário internacional mais incerto, especialmente para economias emergentes. Esses dois riscos podem elevar a inflação”.
O risco para as economias emergentes citado pelo presidente do BC é decorrente da alta dos juros nos Estados Unidos. Investidores com capital aplicado em países emergentes, como o Brasil, podem preferir tirar recurso do país e investir em títulos do Tesouro americano, considerados os papéis mais seguros do mundo. Este é um dos efeitos que fazem com que o dólar se valorize em relação ao real. A menor oferta de moeda americana no mercado de câmbio nacional eleva o seu preço.
Ao apresentar o relatório, Goldfajn destacou que o crédito está crescendo de forma sustentável no Brasil, e que a inadimplência vem caindo, assim como as taxas de juros e o spread. Apesar de não considerar que os juros estão no nível ideal, Goldfajn disse que é “importante perceber o que já se avançou”. A expectativa do BC para o crescimento do saldo das operações de crédito do sistema financeiro é 4%, neste ano, ante a previsão anterior de 3%. O resultado será puxado pelo crédito às famílias, com perspectiva de expansão de 7,5% (ABr).