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Geral 09 a 11/03/2019

em Geral
sexta-feira, 08 de março de 2019
Fechamento temporario

Fechamento de fronteira com a Venezuela paralisa comércio em Pacaraima

O fechamento da fronteira com o Brasil determinada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no dia 21 de fevereiro, está impactando a economia de Pacaraima (RR), cujo o comércio atende a população do sudeste do país vizinho, em especial de Santa Elena de Uairén, a 17 km de distância.

Fechamento temporario

Em Pacaraima, cerca de 700 venezuelanos dormem em dois abrigos da Acnur e há mais de mil pessoas nas ruas. Foto: Marco Bello/Reuters

O empresário Fabiano Coelho de Moraes, dono de um laboratório clínico e de uma farmácia em Pacaraima relatou que já demitiu duas pessoas por causa da baixa procura no comércio.

“A situação é a mais crítica. Do nada, cortaram tudo. Há muito estoque de mercadoria e o pagamento dos boletos dos fornecedores estão em atraso. Não temos como pagar”, contou, ao assinalar que a situação de supermercados e vendas com produtos perecíveis é ainda mais crítica.
Os comerciantes e a população de Pacaraima também perderam acesso aos postos de combustíveis na Venezuela. Não há postos na cidade fronteiriça brasileira e para conseguir abastecer o carro precisam ir até a capital Boa Vista, a 215 km. O preço do combustível em Pacaraima chega a R$ 8 o litro, cinco vezes mais caro do que o valor pago na Venezuela (R$ 1,5).

Apesar do fechamento da fronteira, alguns venezuelanos conseguem atravessar a fronteira dos dois países por dois caminhos menos fiscalizados pela polícia venezuelana para se abastecer e retornar ao país. Mas há um contingente que não tem meios de voltar e acaba sendo atendido pela Operação Acolhida, do Exército brasileiro e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Na cidade, cerca de 700 venezuelanos dormem em dois abrigos da Acnur e há mais de mil pessoas nas ruas. A presidente da Associação Cultural Canarinhos da Amazônia, que atende a 238 famílias (80 crianças) reconhece o trabalho do Exército e da Acnur, mas assinala que a distância da cidade, no extremo norte do Brasil, e a proximidade com a Venezuela em conflito político e em situação social precária é muito preocupante. “Estamos ilhados aqui. O Brasil precisa nos ver com outro olhar”.

De acordo com o IBGE, 95% da renda de Pacaraima depende das transferências federais e do estado de Roraima. A população, estimada em 15 mil habitantes, tem renda per capita de R$ 13,5 mil ao ano – e salário médio mensal de 1,8 salário mínimo. O Ministério das Relações Exteriores informou que, mesmo com a fronteira fechada com a Venezuela, o consulado em Santa Elena tem conseguido trazer brasileiros que procuram o serviço diplomático. Nos últimos dois dias, mais de 90 brasileiros conseguiram deixar a Venezuela e regressar pela divisa de Pacaraima graças ao Itamaraty (ABr).

Expedição em área de indígenas isolados no Amazonas

Expedicao temporario

Índios isolados no Amazonas. Foto: Gleison Miranda/Funai

Agência Brasil

A Funai iniciou uma expedição de Proteção e Monitoramento de Indígenas Isolados Korubo, que vivem na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. Formadas por cinco servidores, as equipes vão atuar em sistema de revezamento nos próximos meses em ações às margens do Rio Coari. Cada equipe trabalhará durante 40 dias. Segundo Marco Aurélio Tosta, da Coordenação de Política de Proteção e Localização de Índios Isolados, o objetivo da missão é possibilitar a reaproximação entre cerca de 21 indígenas Korubo de recente contato e 31 indígenas isolados da mesma etnia.

A Funai também pretende evitar disputas por território entre os povos Korubo e Matis. “Tanto os Matis quanto os Korubo vêm pedindo, há algum tempo, que a Funai entre em campo e promova essa expedição para evitar situações que possam gerar conflitos futuros. Não podemos falar de uma situação conflituosa, mas poderia evoluir, no futuro, para uma situação mais conflituosa mesmo”, disse Tosta.

A Terra Indígena Vale do Javari fica no extremo oeste do estado do Amazonas. É uma das maiores terras indígenas demarcadas do país, com mais de 8 milhões de hectares. A área concentra o maior número de registros de povos indígenas isolados, com 10 referências confirmadas. Desde 2015, existem registros de contatos entre os povos Korubo e Matis. Além dos conflitos, uma das principais preocupações da Funai é com a sobrevivência dos Korubo, que não têm proteção imunológica para doenças decorrentes do contato com indivíduos que não são indígenas.