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Questão de Tempo

em Colunistas, Mario Enzio
sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Questão de Tempo

As mudanças que dizem estar fazendo podem ser consideradas assim? Quando se fala em década, uma geração ou algum tempo perdido, alguém se diz satisfeito?

Como se dissesse que esse tempo que lhe faltou lhe teria dado como resultado a sua melhora de condição social ou simples qualidade de vida. Ainda, que desse em dinheiro mesmo, no final das contas. Os otimistas irão fazer suas equações matemáticas e dirão que daqui para frente tudo pode ser melhor e diferente. Dirão que ainda dá tempo para recuperar. Os pessimistas dirão que tempo perdido jamais será recuperado.

Mas, uma coisa é certa: o tempo que você teria para usufruir de uma vida melhor, de um bem estar social digno e saudável, não será com esse cenário político, social ou econômico. Com essas regras, leis e time de administradores públicos.

Fico refletindo sobre a idade que uma pessoa tem e de quanto tempo ainda irá esperar para que algo à sua volta melhore? Ou se irá se resignar e aceitar tudo do jeito que está? Em quanto tempo alguns cenários poderão mudar? Por exemplo, dando foco a critica: daqui quanto tempo o problema de saneamento será resolvido em uma determinada região? Falando em termos de país, diz-se que em torno de 75% já estaria sendo atendido. Pelo que ouço de outras fontes, esse número é menor, que não chega em 60%.

Então, vamos à questão da seca em determinadas regiões: desde quando se ouve falar ou ler notícias a esse respeito. Há anos, muitos anos e o problema não consegue ser resolvido. Aí alguém vem e diz: foi uma década perdida. Fico ainda no saneamento e na distribuição de água.

Vivemos uma crise recente, e a contar com as mudanças climáticas, teremos que conviver com essa situação. Segundo dados nas Metas do Desenvolvimento do Milênio, fala-se que com investimentos feitos nessas áreas, algumas metas seriam obtidas somente em 2054. Mas, com os recursos que estão sendo investidos não se acredita que seja possível alcançar. Por aí se vão outras obras ou ações que ficam para serem feitas em outro momento.
Fica para depois o que talvez já pudesse estar resolvido. E, passa-se o tempo.
Mudam-se os homens, continuam-se os problemas. Reflita comigo: o que mais poderia ter sido feito, melhorado, beneficiado muitas pessoas e não foi? Nessa linha de pensamento: a transposição do Rio São Francisco? A despoluição de rios? A Baía de Guanabara? Escuto da seca do Nordeste e de outras promessas desde que me conheço por gente.

Ao ler de algum economista ou sociólogo ou historiador que afirma: o tempo que se perde não pode ser reconstruído. Penso, então: quando ou se presenciarei esses dias melhores? Se forem os meus descendentes, me conforto, com ressalvas. Mas, coloco-me na figura do otimista que ajusta o tempo restante para tentar fazer de tudo para melhorar.

Apesar de que não ando tão otimista nessa questão.

(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. E-mail: ([email protected]).