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Economia compartilhada mudando o mercado

em Artigos
quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Charles Simão (*)

Há alguns anos a economia compartilhada, ou consumo colaborativo, tem mudado o mercado e se consolidado em todo o mundo.

O consumismo exacerbado começa a dar lugar a políticas sustentáveis pautadas pela preocupação ambiental, recessão global, tecnologia e redefinição do conceito de comunidade. Segundo o relatório desenvolvido esse ano pela Mastercard, o novo modelo econômico até 2022 será responsável pelo surgimento de centenas de novas empresas e se estima a geração de uma receita anual de US$3,5 bilhões para os usuários, número que deve crescer 25% ao ano.

Mas afinal, o que é economia compartilhada e o que você sabe sobre o assunto? A grosso modo é uma maneira de dividir o uso ou a compra de serviços. Já temos ao nosso alcance empresas que atuam nesse segmento. Airbnb, Uber, Netflix e Spotify são algumas delas e que frequentemente utilizamos ou ouvimos experiências de familiares e amigos.

Reduzir, reusar, reciclar, reparar e redistribuir são os princípios que permeiam esse modelo de mercado. E impulsionada pela geração Millennials, nascidos entre 1980 e 1990, que preferem experimentar ao invés de consumir, a economia colaborativa tem mostrado que veio mesmo para ficar.

Além disso, outro dado relevante divulgado pela Mastercard indica que nos próximos oito anos o setor de financiamento compartilhado ou empréstimo deverá crescer aproximadamente 63% ao ano. Seguido das plataformas de contratação para trabalhos temporários ou freelancer, com uma média de 37%; serviços como Airbnb aumentarão em até 31%, enquanto o setor hoteleiro crescerá 4% anualmente. No quesito entretenimento, especificamente o streaming de música e vídeo apresentará, um crescimento de 17%.

É claro que há percalços no meio do caminho, como a falta de conhecimento por parte dos empreendedores e a desconfiança dos usuários. Mas as mudanças estão acontecendo. Novas empresas que atuam, por exemplo, no segmento de alimentação, bem-estar e moda, já se apresentam ao mercado por meio desse modelo de negócio. A pergunta que fica é, essa disrupção extinguirá o modelo tradicional? Não necessariamente! É possível que o tradicional e o compartilhado caminhem igualmente juntos, um completando o outro.

A onda que foi encabeçada pelas startups vem se disseminando por grandes empresas. Mas é importante estar atento que ao adotá-la, a preocupação está em oferecer soluções para problemas específicos e não mais em apenas vender. O empreendedor precisa ter consciência que está operando um negócio sustentável e é necessário que esse discurso esteja aplicado nos conceitos e ética da empresa.

Digo isso por experiência própria. Na jobin. queremos ser uma comunidade de desenvolvimento e colaboração, quero incentivar que os clientes doem seus tênis usados e em troca ganhem desconto para futuras compras, além de participarem no desenvolvimento de novas coleções. Mas não se trata apenas de colocá-los em prática, é necessário planejamento e principalmente, que toda a cadeia que envolve a marca esteja alinhada com os nossos propósitos.

O entendimento de oferta e demanda, assim como a relação com os bens materiais e pessoais, estão mudando e impulsionando a criação de novas formas de economia que estão focadas em recuperar a economia local e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

Enxergar e aproveitar as oportunidades que esse modelo nos oferece, auxilia a passar por crises econômicas que a todo momento tem colocado em jogo a maneira como compreendemos os mercados como um todo.

(*) – É fundador da jobin., especializada em modelos exclusivos de tênis sem cadarço do tipo slip on (também conhecido como iate). Com histórico empreendedor foi responsável pela fundação das marcas Print4me e Fofostore.