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A humanidade está doente?

em Artigos
terça-feira, 06 de outubro de 2015

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

São tantos os indicadores de uma perniciosa enfermidade que se vai alastrando pelo mundo que nem dá para fazer uma lista.

Mas para se ter uma ideia, basta observar como as coisas e os relacionamentos humanos pioraram. Há um aumento da ansiedade e da depressão devido à forma de viver de muitas pessoas, sem vontade própria, seguindo as ondas que surgem e se desfazem. Temos de encontrar a cura, mas poucos se ocupam com as causas do mal da decadência e da perda da qualidade de vida.

Quanto mais aumenta a população do planeta, mais as novas gerações vão se perdendo, caindo nas múltiplas armadilhas e se sobrecarregando, contribuindo para a construção deste mundo hostil. Muitos caminham sem objetivos, sem esperança, jogando fora o precioso tempo com todos os tipos de vícios.

Qual a causa do mal? Por que há tantas pessoas que estão se desencaminhando, sem objetivo algum, vagando pela vida sem motivação? Onde se oculta o fator que desencadeia a decadência da espécie humana que passa a agir friamente sem coração, sem bondade nem generosidade, vivendo cada um para si e para o momento, sem um propósito enobrecedor?

O dinheiro se transformou na grande armadilha gerada pela indolência e desinteresse na busca da compreensão do significado da vida, o que aprisiona indivíduos, empresas, governos. A bem dizer, o problema não é o dinheiro em si; são as pessoas materialistas, presas ao raciocínio, ao espaço e ao tempo. A humanidade se acomodou, deixou de buscar o caminho da elevação e perdeu a direção, entregando-se ao grande ídolo dinheiro, onde se sacrificam as almas que não utilizam as suas forças e capacitações para buscar o verdadeiro saber.

Visões desoladoras, paisagens sem árvores, sem flores, só poeira. Pensamentos mesquinhos, cobiças e violência. Lixo e detritos como forma de sobrevivência. Prédios desmoronando, pontes destruídas. Monumentos detonados. Cracolândias onde se aglutinam pessoas que desmoronaram e caíram na dependência das drogas. Tudo por dinheiro. Os humanos destruíram as pontes para os mundos superiores, mas abriram as escarpas que conduzem para os baixios, para as profundezas das mórbidas paixões destrutivas.

Atualmente, o cenário global envolve três aspectos: finanças, Estado e política. E tudo o mais ficou secundário no embate ideológico de preponderância econômica, entre a esquerda antinatural e a direita sem generosidade. Os Valores Humanos, a preservação da natureza, a educação para aprimoramento da qualidade humana, tudo acabou se submetendo à cultura do consumismo e ao horizonte que vai se restringindo mais e mais pela perda da essência humana e consequente apagão mental. São poucos os pensadores que adentram nessa seara para as necessárias análises e reflexões. O mundo está em fase de grande transformação; a alteração do clima adverte que muitas coisas precisam ser modificadas e adaptadas.

Alguns fatores que impedem o progresso real em escala global são a má governança, a falta de competência e seriedade, as disputas entre socialistas que visam a concentração do poder e direitistas que controlam o dinheiro. Há a competição desigual, a especulação financeira e a ausência de um anseio uniforme enobrecedor pela melhora geral das condições de vida. Há os exageros do mercado financeiro, que tanto pode impulsionar como estrangular a economia quando promove o bloqueio do crédito, ou a fuga de dólares.

O indispensável é que desde cedo as novas gerações sejam preparadas e fortalecidas para compreender o mundo em que vivem, agir e assumir a responsabilidade com a vida e com o futuro para construir um mundo sadio, de alegre convivência e harmonia com a natureza.

(*) – Graduado pela FEA/USP, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.libra ry.com.br). Autor de: Conversando com o homem sábio; Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e depois?; e Desenvolvimento Humano ([email protected]).