Brasília – O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que o governo está fazendo os ajustes necessários para tirar o Brasil da crise. Ele ponderou, no entanto, que como todo ajuste clássico, primeiro vem o custo e depois os benefícios. “Temos de ter capacidade de explicar isso para a sociedade e sinalizar isso. Esse é o remédio”, afirmou a senadores ontem (15), durante audiência pública no Senado.
Tombini afirmou também que a manutenção de juros por tempo prolongado é estratégia do BC para a inflação ir à meta em 2016. “Não sei para que lado vão, no curto prazo, as taxas que praticamos hoje (Selic)”, disse. O presidente ressaltou que a preocupação da instituição é mitigar os efeitos inflacionários numa segunda rodada de aumento de preços. “Estamos mitigando esses efeitos de segunda ordem”, ressaltou, ao afirmar que o BC não está preocupado com a inflação de itens específicos.
Questionado sobre trazer a inflação para a meta ainda em 2015, Tombini afirmou que, para que isso fosse possível, “seria necessário política extremamente agressiva”. O dirigente do BC disse ainda que “se a inflação se propagar, quem perde mais é o assalariado”. Frisou também que o BC não tem como colocar uma taxa de juros de forma artificial como mais interessante para o Tesouro Nacional manejar o custo da dívida.
Mesmo assumindo que este ano a inflação irá superar o teto da meta, de 6,5%, Tombini respondeu em terceira pessoa sobre os encaminhamentos obrigatórios para comunicar ao Ministério da Fazenda as motivações do não cumprimento da meta. “Se a inflação ficar acima da banda em 2015, o presidente do BC escreverá essa carta (aberta ao ministro da Fazenda)”, afirmou.
Questionado se o BC poderia atuar no mercado para criar um teto para a cotação do dólar, o presidente do BC negou. “Nosso regime de câmbio é flexível”. Segundo o presidente do BC, “não podemos ter medo de flutuar, flutuação não é ruim para a situação financeira do setor público”. Ele afirmou que o BC possui um arsenal de medidas, ainda que o câmbio seja a primeira linha de defesa. Afirmou ainda que o sistema financeiro mais sólido vai ajudar na retomada da economia e ponderou que o mercado de crédito tem mostrado redução da alavancagem, além de inadimplência bem controlada. “O mercado mostra que está bem provisionado” (AE).
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