Na atualidade, uma das tecnologias mais visíveis é a aeronáutica. Seu crescimento foi espetacular: pessoas viajam com naturalidade, tarifas baratas permitem que passageiros substituam o ônibus pelo avião, as viagens são seguras.
Vivaldo José Breternitz (*)
O lado ruim, ao menos em comparação com o passado, é o conforto: poltronas apertadas, aeroportos congestionados e atrasos tiram boa parte do encanto das viagens aéreas.
Mas nem sempre foi assim: em 17 de junho de 1947 a Pan American World Airways – Pan Am lançou sua primeira linha “volta ao mundo”: seu voo 001 saia de São Francisco no sentido oeste, cruzando o Pacífico e fazendo escalas em Honolulu, Hong Kong, Bangkok, Delhi, Beirute, Istambul, Frankfurt, Londres e finalmente chegando a New York. O voo 002 partia de New York e fazia o trajeto em sentido contrário. A passagem, na classe econômica, custava US$ 2.300 (cerca de 31 mil dólares de hoje).
O interessante é que o passageiro podia desembarcar em qualquer cidade do trecho e permanecer nela por quanto tempo quisesse, até um limite de seis meses para completar a viagem; o percurso era completado em 48 horas.
Mesmo para a classe econômica, o conforto era grande; os Boeings e Airbuses de hoje são maiores e mais rápidos, mas em termos de conforto assemelham-se mais aos caminhões boiadeiros que cruzam nossas estradas quando comparados aos Super Constellations que faziam os voos 001 e 002; nestes, a comida e a bebida eram refinadas e o espaço amplo.
Os Constellations, chamados Connies, eram quadrimotores caracterizados pelo perfil semelhante ao de um golfinho e pelos lemes triplos; 856 deles foram produzidos pela Lockheed e eram o avião presidencial no governo Eisenhower. Transportavam entre 60 e 95 passageiros, a uma velocidade de cruzeiro de cerca de 550 km/h.
Essa rota durou quase 40 anos; assoberbada por problemas decorrentes de má administração, a Pan Am faliu e deixou de voar em 1991. A Panair do Brasil, que fora sua controlada durante algum tempo, fechara em 1965, ao que consta em função de uma decisão arbitrária de nosso governo da época – sua verdadeira história ainda não veio à tona.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.