Vivaldo José Breternitz (*)
Fala-se muito em veículos autônomos, sem motorista, muitas vezes gerando a sensação de que eles em breve tomarão conta de nossas ruas.
Mas, ao que parece, ainda falta muito para que isso seja uma realidade: a American Automobile Association (AAA) realizou recentemente uma série de testes para determinar as capacidades de três diferentes veículos autônomos, e esses testes mostraram que os mesmos atingiriam cerca de um terço de todos os ciclistas dos quais se aproximaram e não conseguiram evitar os carros que se aproximassem de forma inesperada, mudando de faixa ou rodando na contramão, por exemplo.
A AAA realizou seus testes utilizando um Hyundai Santa Fé, um Subaru Forester e um Tesla Model 3; cada um desses veículos tem seu próprio sistema de direção autônoma de nível dois.
O nível dois significa que o veículo tem recursos de direção autônoma, mas exige que o motorista permaneça alerta e pronto para assumir o controle a qualquer momento; atualmente, não há veículos acima do nível dois rodando sem restrições nos Estados Unidos.
Os testes analisaram o controle de cruzeiro adaptativo (Adaptive Cruise Control, ACC) concluindo que que todos os sistemas eram bastante proficientes nessa área. O ACC é um recurso de controle que desacelera automaticamente com base nos obstáculos de um certo porte que detecta à frente; nenhum dos três modelos colidiu durante os testes do ACC.
Em situações de emergência os resultados foram pífios, mesmo com testes feitos em velocidades relativamente baixas: apenas o Tesla detectou o obstáculo e diminuiu a velocidade, mas, mesmo assim, colidiu com o veículo que se aproximava.
No caso dos ciclistas, os resultados foram um pouco melhores, mas não muito: o Subaru atingiu o ciclista em todos os testes, enquanto os outros dois conseguiram evitar o atropelamento.
Os testes confirmaram o que já se pensava sobre esses sistemas de direção assistida: atenção total ainda é exigida do motorista. Mas os nomes dados a esses sistemas, como Autopilot, no caso da Tesla, levam alguns motoristas a acreditar que não precisam estar atentos quando estão ao volante.
Assim, podemos concluir que, por enquanto, os sistemas de direção assistida são simplesmente uma ferramenta que os motoristas podem usar, porém mantendo atenção total enquanto o veículo estiver em movimento.
Evidentemente há exceções quando se trata de veículos utilizados em condições especiais, normalmente com a área em que atuam perfeitamente delimitada, como no caso de caminhões que operam em áreas de mineração em Minas Gerais, por exemplo.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT