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Tecnologia 31/10/2018

em Tecnologia
terça-feira, 30 de outubro de 2018
biti 01 temproario

10 anos do Bitcoin: o que faz desse ativo ser tão valorizado?

Em 31 de outubro de 2008, um criptógrafo de codinome Satoshi Nakamoto publicava seu trabalho “Bitcoin: a peer to peer eletronic cash system” inaugurando a era dos criptoativos, que entraria em operação em janeiro de 2009 com o lançamento do Bitcoin

Foto: Reprodução

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Rodrigo Caldas de Carvalho Borges (*) e Alex Michaelis Buelau (**)

Ao longo desses últimos 10 anos, as chamadas criptomoedas, em especial o Bitcoin, ganharam muita atenção da mídia, em especial no último ano, tendo em vista a valorização alcançada.

Muitos analistas financeiros discutem sobre sua natureza, ausência de lastro, falta de um órgão centralizador e ausência de regulação, mas poucos tentam apresentar o motivo da cotação do Bitcoin. O preço é determinado pela demanda, mas será que a alta procura reflete apenas a expectativa de futura alta no preço, como muitos especialistas da economia clássica afirmam, ou será que existe algo além?

Imagine se, quando do surgimento da internet, fosse permitido comprar frações desta tecnologia? Quantas pessoas gostariam de ser donos de um pedacinho do famoso protocolo “http” que faz a internet como conhecemos hoje funcionar? Quanto isso valeria?

O caminho natural da maioria das pessoas ao encontrar uma mudança de grande magnitude é negá-la sem ao menos se aprofundar no assunto – não é diferente com o Bitcoin. Pensar no Bitcoin e analisá-lo com a mentalidade de ativos financeiros tradicionais certamente o levará a questionar seu valor; porém, estamos diante de uma revolução tecnológica e, como toda grande mudança, exige que ampliemos a nossa visão para que possamos enxergar o “novo”.

Quando falamos de Bitcoin, é preciso esclarecer que existem duas partes fundamentais da tecnologia: o ativo Bitcoin, que roda sobre uma rede distribuída de computadores, oficialmente chamada de rede bitcoin (com “b” minu´sculo), e o sistema Blockchain que torna tudo isso possível.

O sistema Blockchain é a inovação tecnológica que tornou possível o Bitcoin e as demais criptomoedas como Ethereum, Ripple e outras (existem mais de mil criptomoedas). Mas o Blockchain provou não ser útil apenas como um sistema de pagamentos. Alguns países e empresas têm utilizado da tecnologia Blockchain para melhor controle dos gastos públicos, captação de recursos com emissão de tokens, melhoria nos registros de transferências imobiliárias, etc. O Blockchain por si só já possui valor por conta dos diversos usos e enormes possibilidades futuras.

Por tratar-se de um sistema aberto, o Bitcoin e a maioria das outras criptomoedas que utilizam o Blockchain funcionam como uma plataforma, permitindo uma fácil integração com quaisquer outros projetos e soluções para os mais diversos setores da indústria. Qualquer pessoa com conhecimento em programação pode interagir e desenvolver produtos e soluções utilizando-se de sua tecnologia, praticamente sem custo, permitindo o surgimento de inovações em escala exponencial. Além disso, o fato de ser open source elimina muitos dos riscos e incertezas normalmente associadas às soluções centralizadas, pois qualquer pessoa pode revisar o código fonte para sugerir melhorias ou identificar potenciais problemas de segurança.

O Bitcoin, por ser a primeira e mais difundida criptomoeda, é usado hoje como “moeda de reserva” nessa indústria: praticamente todas as pessoas envolvidas com criptomoedas possuem Bitcoin, todos os serviços que aceitam criptomoedas aceitam Bitcoin e o preço de outras criptomoedas é comumente contabilizado em Bitcoin.

Os avanços trazidos pelo Bitcoin refletirão na sociedade como um todo, posto que a tecnologia permite inúmeras novas funcionalidades, dentre elas a eliminação de intermediários em qualquer tipo de transação, inclusive no setor financeiro e cadeia logística. Atualmente, para efetuarmos transações financeiras nos recorremos aos entes do sistema financeiro: utilizamos dinheiro em papel emitido por um governo, ou dinheiro digital controlado por bancos, que atuam como intermediários.

Os órgãos financeiros e os governos, em razão da regulamentação e controle do setor, gozam da confiança da sociedade para intermediar seus pagamentos e transferências de recursos. São os responsáveis por validar e conferir todas as operações financeiras realizadas de forma eletrônica, evitando o risco do “gasto duplo”, certificando-se de que os recursos sejam de fato transferidos de uma pessoa à outra, bem como respondem por qualquer inconsistência ou problema ocorrido na transação, muitas vezes cobrando elevadas taxas por esses serviços.

Os governos muitas vezes abusam deste poder, vide o congelamento das poupanças do governo Collor em 1990 e os repetidos casos de corrupção que afligem o Brasil. Com a utilização do sistema financeiro, nos moldes atuais, abrimos mão de nossa absoluta liberdade e delegamos a confiança a corporações. No passado não existia alternativa, pois era necessário um agente centralizador, sempre criando o risco de abuso do poder. Mas, assim como a internet democratizou o acesso à informação, o Blockchain democratizou o acesso ao mercado financeiro.

O Bitcoin, através do Blockchain, resolveu a questão do “gasto duplo” sem a necessidade de um intermediário (papel das instituições financeiras nas transações “tradicionais”), retirou o fator confiança dos bancos – ou melhor, conferiu a cada detentor de Bitcoin o poder de efetuar transferências livremente, independentemente do valor e sem limites, a custos irrisórios.

Essa tecnologia resgatou a liberdade, antes restrita às operações físicas, ao mundo digital. Nos tornamos, novamente, os únicos responsáveis pelas nossas atitudes e os únicos responsáveis pelo controle das nossas riquezas, sem a necessidade de uma entidade centralizadora.

Diversos analistas afirmam que o Bitcoin é uma bolha, baseando suas análises em quesitos técnicos do mercado financeiro tradicional. A realidade é que ninguém sabe ao certo se estamos diante de uma bolha financeira; porém, do ponto de vista tecnológico, social, econômico e jurídico, sem dúvida estamos diante de uma mudança de paradigma, que continuará crescendo e sendo desenvolvida, ainda que haja um estouro dessa suposta bolha financeira.

Empreendedores ao redor do mundo, do Vale do Silício a Moscou, da Alemanha à África estão criando empresas, projetos e novas soluções para velhos problemas usando o Blockchain, Bitcoin e demais criptomoedas. Em 2017, empresas do mundo todo levantaram mais de 6 bilhões de dólares em investimentos utilizando ICOs (Initial Coin Offerings), uma forma de financiamento que usa criptomoedas para financiar novas ideias e projetos, em 2018 o valor se aproxima dos 21 bilhões de dólares.

Portanto, o grande valor do Bitcoin é ter criado uma rede de pessoas motivadas, que acreditam num futuro melhor, onde as regras são as mesmas para todos, as informações são transparentes, o poder é distribuído e boas ideias são facilmente executadas, financiadas e recompensadas.

(*)- É sócio do CB – Carvalho Borges Associados. Membro Fundador da Oxford Blockchain Foundation e Presidente da Comissão
de Empreendedorismo e Startups da OAB Pinheiros.

(**) – É CEO e co-fundador do CoinSchedule.com,
maior portal de listagens de ICO do mundo.

Por que o Brasil não está caminhando para a expansão da Internet?

Foto: Reprodução

A privatização do Sistema Telebrás, em 1998, foi o embrião para as empresas investirem na universalização das redes de telecomunicação, tornando-se um importante passo no processo de expansão dos serviços pelo Brasil. A Internet começou a ser ofertada por linha discada, passando por ADSL (Assymetrical Digital Subscriber Line) e micro-ondas, até a mais recente tecnologia da fibra ótica.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o acesso à Internet tem impacto direto na geração de riqueza. Os dados de 5.564 municípios, divididos em grupos com perfis próximos, mostraram que cada 1% de aumento na penetração do acesso à rede, gera um crescimento de até 0,19% do PIB (Produto Interno Bruto).
Com isso, podemos constatar o quanto a telecomunicação se tornou primordial e essencial para o crescimento do país. A partir da estratégia de exigir a universalização das redes das empresas concessionárias, pela LGT, a Internet se popularizou, e após vinte anos da privatização, grandes grupos conquistaram maturidade. Porém, há pontos que fazem com que esta expansão estagne.
Atualmente, dependemos das operadoras competitivas para dar continuidade nesse crescimento, principalmente quando analisamos a infraestrutura nos pequenos municípios. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o serviço de banda larga fixa (móvel e fixa) totalizou 30,54 milhões de contratos ativos em 2017. Porém, o percentual da densidade em alguns estados ainda é baixo. No Maranhão, 14,4% dos domicílios possuem banda larga; Piauí 18,9%; Pará com 16%. Já na grande metrópole, São Paulo, esse número aumenta para 65,7%.
Comparando estes dados com números de países americanos e europeus, o Brasil fica bem atrás. De acordo com a pesquisa internacional ICT Facts and Figures 2016, realizada pela ITU, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para tecnologias da informação, a penetração da Internet nos domicílios de países desenvolvidos é de 83,8%. O índice chega a 64,4% nas Américas e a 84% na Europa.
Esse cenário, de expansão estagnada, pode ser atribuído em parte aos tributos sobre o consumo, que incidem pesadamente sobre o setor de telecomunicação. A maior parte das pequenas empresas do setor atua em cidades com menos de cem mil habitantes, e grande parte dessas optam pelo regime tributário Simples Nacional, se isentando de recolher o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS). Isso impede que aconteça uma isonomia de competição no mercado, afinal, o ICMS chega a representar de 33% a 60% da fatura final de serviços de comunicação multimídia, como a Internet, por exemplo, a depender do Estado onde o serviço é prestado. Além disso, é um desincentivo ao crescimento da empresa, uma vez que cada vez que ela cresce, muda de faixa de recolhimento (aumento progressivo) até que seja forçada a sair do regime, por exceder o teto de faturamento.
O governo deveria fornecer condições econômicas para que o mercado de telecom possa competir por quem tem o melhor produto, a melhor oferta, banindo as distorções artificiais via desonerações (como a citada acima). Se mais empresas pagassem os impostos da forma correta, certamente a alíquota poderia sofrer redução. A Anatel, juntamente com a Receita Federal, deveria realizar esta fiscalização. Havendo uma alíquota uniforme, e um prazo de readequação, as ofertas finais ficariam mais justas e corretas.
O mercado deve ser tratado de forma unificada e não com classes empresariais. Políticas sérias e compromisso de longo prazo, é o que precisamos para expandir o setor.

(Fonte: Carlos Eduardo Sedeh é CEO da Megatelecom, empresa que oferece serviços personalizados na área de telecomunicações).

Robôs não tomarão o espaço do vendedor estratégico, eles serão aliados na construção de relações mais humanas com clientes

Ricardo Correa (*)

Profissionais que se qualificam e assumem uma visão estratégica dos negócios devem se apoiar no avanço da tecnologia, que já funciona como uma grande aliada no desenvolvimento de trabalhos repetitivos com mais agilidade e otimiza o tempo humano para ações e decisões mais assertivas, abrindo espaço para o vendedor empenhar o talento em construção de relacionamentos com os clientes

O uso de robôs para a realização de atividades operacionais e repetitivas tem sido bastante debatido atualmente. Muitos profissionais estão inquietos porque temem ser substituídos por máquinas no futuro. Mas para quem trabalha na área de vendas, o uso da tecnologia para a automação de serviços não oferece perigo iminente, muito pelo contrário. Ela permite a criação de plataformas que otimizam o tempo do profissional ao assumirem o controle de atividades repetitivas e de baixo valor, que normalmente demandam muito tempo e trazem pouca rentabilidade.
A maior parte das atividades manuais e de baixo valor está na etapa de prospecção, onde a probabilidade de venda ainda é muito pequena. Vamos pensar em um processo onde o vendedor precise falar com 100 empresas desconhecidas para identificar 10 interessadas e, dessas, fechar uma venda. O que normalmente ocorre é que ele perde quase todo o tempo na conversão dos desconhecidos em interessados e não sobra tempo para avançar nas etapas da venda. O processo é totalmente ineficiente, o que leva os vendedores a não baterem meta e, por consequência, as empresas a não crescerem.
A produtividade do vendedor não é, ou não deve ser, medida por volume de atividades. Diferente de um operário, o vendedor deve ser avaliado por taxas de conversão e por receita conquistada. Diante dessa perspectiva, fica claro que o melhor a se fazer é automatizar ao máximo as atividades operacionais – em especial, aquelas do início do processo onde o volume é alto e o valor é baixo – para liberar tempo para o vendedor fazer o que apenas um ser humano é capaz de fazer: relacionar-se com outras pessoas, realizar diagnósticos e negociações.
Em suma, os robôs devem automatizar o que chamamos de Monkey Job (as atividades repetitivas e de baixo valor) para que vendedores identifiquem as melhores oportunidades de negócios e foquem no trabalho mais estratégico.
Em se tratando de vendas B2B, a presença de um humano qualificado e motivado será sempre necessária, afinal, comprar algo que afeta o processo dentro de uma empresa dificilmente será feito por intermédio, apenas, de um bot. Nestes casos, a interação e contato olho a olho é fundamental para fechar negócio. Por isso não há o que temer com o avanço da tecnologia, já que a automação favorece toda a cadeia. A empresa ganha mais previsibilidade e o profissional desenvolve a atividade ao qual se qualificou e é motivado a fazer.
E falando em qualificação, engana-se quem pensa que o vendedor de hoje é aquele profissional que caiu por um acaso na carreira, por falta de opção ou porque não conseguiu um avanço relevante na função escolhida, como já aconteceu no passado. Hoje em dia o vendedor escolhe atuar nesta área como uma escolha de carreira e desenvolvimento profissional, por isso ele precisa de conhecimento e boas condições de trabalho para estar apto a trazer bons frutos, tanto para si mesmo quanto para a empresa que representa. Caso não invista em seu desenvolvimento e habilidades de negociar e prenda-se, apenas, a preencher tabelas e atualizar mailings, aí sim, ele deve ter medo do seu amigo cibernético.
Mas quem quer avançar e progredir nos dias de hoje, busca, constantemente renovar e aperfeiçoar os seus conhecimentos. Para quem quer seguir no mundo corporativo, a área de vendas tem se tornado um caminho lógico para o crescimento dentro de uma empresa, a construção de um nome e o respirar aliviado de que não terá um robô chamado ‘Sonny’ sentado no seu lugar amanhã.
Segundo a pesquisa “Mapa de Benefícios e Expectativas do Profissional Técnico e de Suporte à Gestão”, realizada pela Page Personnel e feita com mais de 2.500 profissionais de diversos setores de mercado envolvendo quase todos os estados brasileiros, 94,3% dos profissionais de vendas possuem ensino superior, 38% possuem pós-graduação, 27,2% possuem um MBA e 5,7% possuem título de mercado. Não é preciso ser nenhum especialista em coaching para compreender que alguém que investe em qualificação pode automatizar o trabalho repetitivo e operacional sem se sentir ameaçado e, assim, se dedicar a atividades estratégicas e que apresentem maiores chances de crescimento e bons ganhos.
A abordagem atual dos especialistas, e que nós corroboramos, apontam que vendas está entre as profissões do futuro. Afinal, para gerar qualquer negócio, é preciso vender, e cada vez mais essa área tende a ser o setor mais estratégico de uma empresa. É por meio dela que novos negócios são gerados, possibilitando o crescimento em um mercado cada vez mais competitivo. Mas para garantir funcionários motivados e dispostos a seguir carreira em uma empresa, e assim evitar custos extras e a alta taxa de rotatividade existente nesse setor, é preciso valorizá-lo. Por isso o uso da tecnologia e da automação, neste caso, não é um vilão e, sim, um parceiro.

(*) É CEO & co-founder da Ramper.