76 views 11 mins

Tecnologia 24/09/2019

em Tecnologia
segunda-feira, 23 de setembro de 2019
compliance temaproario

Como manter a produtividade trabalhando em movimento

Especialista dá dicas que auxiliam na organização da rotina de quem passa a maior parte do tempo trabalhando em trânsito

Esse modelo colaborativo exige muita disciplina e foco, pois independente do local, o importante é manter a organização e os resultados em alta. Foto: CHRISTIN HUME | UNSPLASH

A colaboração em movimento traz um novo cenário de ambiente de trabalho. Hoje, é comum encontrar executivos nos mais variados lugares – de cafés a aeroportos – com seus tablets, smartphones e notebooks em plena produção. Mas esse modelo colaborativo exige muita disciplina e foco, pois independente do local, o importante é manter a organização e os resultados em alta. A executiva Denise Freire, Gerente de Canais da Jabra, multinacional dinamarquesa referência em soluções de áudio, separou algumas dicas para facilitar o dia a dia de quem trabalha remotamente.

– Organize-se
Antes de se tornar uma colaboradora remota, Denise vinha de uma realidade de trabalho interno. “O período de adaptação requer disciplina, pois a impressão que se tem, a princípio, é que não existe uma rotina a ser cumprida. A cada dia falamos com pessoas diferentes, em locais e horários diferentes, então precisamos ter uma agenda flexível para nos adaptarmos aos horários demandados pelos clientes. A dica é sempre trabalhar com uma janela de duas semanas. Dessa forma você conseguirá manter uma rotina de produtividade e não se perderá em seus afazeres”, sugere a executiva. Outra sugestão é deixar, pelo menos, um dia da semana sem reuniões externas agendadas. “Se você mora em uma cidade grande e marca várias reuniões por dia, você perderá muito tempo em trânsito, o que prejudicará a sua produtividade. Separe um dia da semana para resolver questões administrativas e pensar em estratégias. Assim seu cronograma segue um padrão, o que te ajuda na organização das tarefas”, conclui.

– Busque estratégias para potencializar o foco
Trabalhar remotamente tem muitas vantagens, mas quem tem dificuldade em se focar precisa desenvolver estratégias que estimulem a concentração. “Uma dica para quem faz home office é: prepare-se para trabalhar da mesma forma que você se prepararia se fosse trabalhar em um escritório. Levante-se, troque de roupa, evite ligar a televisão ou qualquer outro dispositivo que possa tirar a sua atenção. Alguns devices podem te ajudar nessa tarefa: os headsets com cancelamento de ruído, por exemplo, não deixarão perder o foco, além de permitirem múltiplas conectividades, o que dá mais flexibilidade para o trabalho”, explica Denise.

– Aproveite as viagens
Muitos dos profissionais que trabalham remotamente costumam viajar bastante. Visitas aos clientes e reuniões em cidades distantes demandam tempo para deslocamento, mas de acordo com Denise, com um cronograma bem planejado é possível aproveitar o tempo em trânsito. “Nas viagens de avião, por exemplo, o ideal é chegar sempre com, pelo menos, 1 hora e meia de antecedência. Além de trazer mais segurança em caso de imprevistos, você terá um tempinho a mais para trabalhar enquanto aguarda o avião, compensando, assim, o período que ficará offline durante o vôo”.

– Equipe-se
Para ter a tranquilidade de poder trabalhar em qualquer lugar, é importante estar equipado. “Ter os devices certos faz toda a diferença. A tecnologia possui ferramentas incríveis capazes de manter as pessoas conectadas em quase todos os lugares, além de ajudar na concentração e produtividade. Em um aeroporto existem inúmeras distrações, mas se a pessoa estiver com um headset com cancelamento de ruído ativo, por exemplo, isso deixa de ser um problema”, diz Denise.

– Mantenha uma comunicação clara e detalhada com sua equipe
A comunicação entre o profissional remoto e sua equipe é fundamental. “Quando se trabalha remoto, é muito importante manter um contato constante com seus times. Avisar quando ficará offline e por quanto tempo. Essas informações fazem com que os colegas possam programar as atividades para o período que você estará disponível”, finaliza a executiva.

Por que todos os gigantes da internet do ocidente falharam na China? Lições de gestão na era digital

compliance temaproario

Cidade de Xangai, China. Foto: PEXELS

Clau Sganzerla (*)

Nenhum dos gigantes da internet do mundo ocidental teve sucesso na China: Google, Amazon, Uber, eBay e Yahoo falharam na conquista pelo maior mercado digital do mundo. Este fenômeno contrasta com o sucesso que outras grandes corporações ocidentais atingiram em setores como automobilístico, bens de consumo, eletrônicos e serviços profissionais. Porém, as razões para o fracasso sistemático dos cinco gigantes na China vão muito além da óbvia dificuldade regulatória imposta pelo governo chinês.

Esta é a conclusão que Feng Li, diretor da cadeira de Information Management da City, University of London, propõe após extensa pesquisa e entrevistas com 225 líderes das principais empresas digitais do ocidente e seus concorrentes chineses. Categorizando os principais temas a partir das respostas obtidas, o pesquisador estruturou duas visões: interna, com as perspectivas dos líderes das empresas citadas acima; e externa, com as perspectivas dos líderes das empresas concorrentes chinesas, além de agentes da elite social, política e empresarial chinesa. Entender tal fenômeno serve não apenas para saciar a curiosidade dos interessados no assunto, como também fornecer insights importantes para aumentar a competitividade das empresas na era digital.

Os gigantes ocidentais falharam em entender e gerenciar um ambiente de negócios complexo, não adaptaram suas estratégias ao contexto de mercado local e não desenvolveram nem customizaram tecnologias e plataformas que atendessem às necessidades dos usuários chineses. Subestimaram a competição local e os desafios para dominar o maior mercado mundial de usuários de internet. Como se não bastasse, aportaram poucas vantagens genuinamente competitivas; na maioria das vezes, competiram com grande desvantagem, por mero descuido, arrogância e falta de paciência.

Especificamente, as conclusões de Feng Li podem ser estruturadas em três razões macro para o fracasso sistemático dos gigantes ocidentais da internet na China:

Falha em entender e responder ao ambiente de negócios chinês: evidenciada pela falha em se adaptar ao ambiente regulatório, às relações governamentais e infraestruturas existentes; grande número de competidores agressivos e determinados; e falha em entender as diferenças fundamentais entre o mercado de internet e outros mercados tradicionais, nos quais histórias de sucesso de outras empresas ocidentais não puderam ser repetidas.
Concessão de múltiplas vantagens competitivas aos players chineses: evidenciada pela tentativa de impor modelos de negócio globais na China, que requer alto grau de customização; problemas ao estabelecer parcerias locais e aquisições malsucedidas; e falha em estratégia de comunicação e inovação.

Ineficiência na operação e execução: evidenciada pela falha ao impor plataforma tecnológica global, mas desconectada do contexto cultural e profissional do mercado chinês; centralização e lentidão na tomada de decisão, com pouca autonomia para os times locais, tentando gerenciar operações locais por “controle remoto” a partir das matrizes no ocidente; falha em “se inserir verdadeiramente” (be embedded) na China.

O fracasso retumbante de gigantes do ocidente no mercado digital Chinês tem consequências profundas que podem mudar o equilíbrio de poder tecnológico mais rápido do que imaginamos. Hoje, Alibaba transaciona mais produtos que a Amazon; o WeChat é maior e mais abrangente que Facebook, Facetime, Whatsapp, PayPal e LinkedIn, juntos. A China está à frente dos Estados Unidos e da Europa no campo de mobile payment.

O domínio chinês nos mercados digitais trará (ou já traz) desafios competitivos que podem se estender a praticamente todos os segmentos de negócios. É importante aprender com o erro dos gigantes ocidentais na China e tirar lições para a competição no futuro digital, que já começou.

(*) É VP de Estratégia e Inovação do Grupo Algar.