A Salesforce é uma empresa americana que atua na área de software, mais conhecida por fornecer o Sales Cloud, um aplicativo para CRM. Tem outros produtos focados em atendimento ao cliente, marketing, inteligência artificial, gestão de comunidades, cloud computing etc.
Vivaldo José Breternitz (*)
Há menos de um ano, a empresa demitiu 10% de sua força de trabalho; agora, surpreende ao anunciar estar recrutando 3.300 novos funcionários, que vão se juntar aos cerca de 70 mil que tinha em julho passado.
Segundo a empresa, cerca de um terço das novas contratações atuará na área de vendas, outro terço na área de engenharia de software e os restantes em sua plataforma de cloud computing.
Essa plataforma, chamada Data Cloud, é uma ferramenta “software as a service” que permite às empresas usuárias reunir as informações sobre seus clientes, provenientes de diferentes fontes, em um só lugar. Um exemplo bastante simples desse tipo de serviço, seria o de um varejista que poderia combinar dados sobre compras feitas em sua loja com os pedidos que receber on-line; esses registros são normalmente armazenados em sistemas diferentes, o que dificulta sua análise, dificuldade que seria superada com a junção desses dados no Data Cloud.
Em aplicações mais avançadas, empresas aproveitam as informações que armazenam na Data Cloud para apoiar seus esforços de marketing. Usando recursos de inteligência artificial integrados à plataforma, os profissionais de marketing podem agrupar clientes com preferências de compra semelhantes e criar anúncios personalizados de acordo com seus interesses, por exemplo. O Data Cloud também fornece recursos analíticos para rastrear métricas de negócios, como ticket médio, localização dos clientes etc.
A Data Cloud baseia-se em aplicativos que a Salesforce passou a controlar através de duas de suas maiores aquisições, a MuleSoft, uma plataforma de integração de software que comprou em 2018 por US$ 6,5 bilhões e o Tableau, adquirido pela empresa no ano seguinte, que pode ser usado para visualizar informações dos clientes em painéis, facilitando a geração de insights e tomada de decisões.
A divulgação do plano de expansão da força de trabalho pela Salesforce ocorre oito meses depois de ter demitido cerca de 8 mil funcionários. A empresa afirmou na época que a medida foi tomada porque seus clientes estavam “adotando uma abordagem mais comedida” em relação aos gastos com software. Poucos antes das demissões, a Salesforce reduziu a previsão de receita para o ano fiscal encerrado em 31 de janeiro de 2023 em US$ 800 milhões, fixando-a em cerca de US$ 30 bilhões.
Desde então, a situação melhorou bastante para a empresa: no último trimestre, a Salesforce superou as expectativas dos analistas, obtendo um lucro líquido de US$ 1,27 bilhão e receitas de US$ 8,6 bilhões, o que representou um crescimento de vendas de 11% em relação ao ano anterior. A Salesforce também elevou sua previsão de receita para o atual ano fiscal para US$ 34,8 bilhões.
A empresa disse também que muitos dos funcionários que planeja contratar haviam sido demitidos no início deste ano.
É uma boa notícia nestes tempos conturbados.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.
