Desde que o termo “inovação disruptiva” entrou no dicionário das companhias, não se fala em outra coisa. Nos últimos anos, houve um investimento intenso por parte das organizações nessa pauta, como mostram dados da pesquisa “PD&I e inovação aberta no Brasil – As práticas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)” produzida pela Deloitte, onde 69% das empresas entrevistadas mantiveram estratégias de PD&I em 2022, e 51% têm a intenção de fortalecer os investimentos no segmento nos próximos três anos.
Além disso, o governo anunciou ano passado o plano Mais Inovação, que prevê aportes de R$ 66 bilhões para inovação na indústria até 2026. Essa atenção especial com a agenda de tecnologia é uma resposta direta as mudanças ocorridas na sociedade nos últimos anos, que transformaram os hábitos de vida e consumo da população.
É importante ressaltar que a busca por inovação disruptiva nos negócios, mais do que nunca, é fundamental para manter a relevância e a competitividade em um mercado inquieto. Porém, com todas as companhias seguindo a mesma lógica e procurando por agulhas no mesmo palheiro, como realmente aplicar inovações disruptivas nos negócios de maneira efetiva?
Essa jornada começa necessariamente com a disposição para desafiar o status quo. As empresas devem estar abertas a novas ideias, investir em pesquisa e desenvolvimento e adotar uma mentalidade flexível para acomodar mudanças. É crucial entender as tendências do mercado e as demandas dos clientes, adaptando os produtos e serviços sempre que necessário.
Outro ponto essencial é construir uma cultura de inovação, incentivando a experimentação, aceitando o fracasso como parte do processo e promovendo a colaboração entre equipes diversas. Líderes devem estabelecer um ambiente seguro para compartilhar ideias, oferecer incentivos para inovar e reconhecer e recompensar as contribuições inovadoras.
Junto a isso, é preciso construir equipes qualificadas, o que requer a atração e retenção de talentos criativos e diversificados. Investir em capacitação e times interdisciplinares capazes de abordar desafios complexos e fornecer recursos para experimentação é praticamente obrigatório.
As empresas devem ainda prestar atenção às mudanças no mercado, tecnologias emergentes e às necessidades não atendidas dos clientes para não negligenciar a concorrência e estar disposto a repensar modelos de negócios estabelecidos.
A procura por parcerias estratégicas também é fundamental. Colaborações com startups, universidades e outras empresas podem oferecer acesso a novas ideias, tecnologias e conhecimentos especializados que impulsionam a inovação.
Porém, não podemos ignorar os desafios desse trajeto, que incluem a resistência à mudança, a gestão de riscos e a alocação de recursos adequados. Além disso, a busca por inovações disruptivas requer um horizonte de tempo mais longo e o reconhecimento de que os resultados podem não ser imediatos – e nem todas as corporações contam com essa disposição.
A soma dessas ações irá resultar em um ambiente muito mais propício ao desenvolvimento de projetos, produtos e soluções inovadoras, que de fato tragam impactos positivos para a sociedade, vantagens competitivas, crescimento de receita, melhoria na satisfação dos consumidores e a capacidade de liderar transformações no mercado. E ainda vem com o bônus de aumentar a resiliência da empresa em face de mudanças constantes.
(Fonte: Flávio Guimarães é Presidente da Corning na América Latina e Caribe, uma das líderes mundiais em inovação da ciência de materiais que desenvolve produtos para as áreas de comunicações ópticas, eletrônicos móveis de consumo, tecnologias para displays, automóveis e ciências da vida).