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Amazon: mesmo sem drones, uma estrutura logística extraordinária

em Tecnologia
quarta-feira, 09 de setembro de 2020

A tecnologia fascina. Quando celebridades dessa área falam na chegada de novidades ao mercado, ficamos todos curiosos e às vezes, até mesmo ansiosos

Vivaldo José Breternitz (*)

Foi o que aconteceu em 2013, quando Jeff Bezos disse prever que em 4 anos a Amazon estaria usando drones para fazer entregas diretamente nas casas de seus clientes.

Isso não aconteceu, e apesar do recente anúncio de medidas regulatórias para operação de drones, parece que não vai acontecer tão cedo, ao menos em termos não experimentais. Preocupações como quedas de drones em áreas habitadas, choques com aviões e outras, além da necessidade de treinar pilotos, que precisam ter sólidos conhecimentos aeronáuticos para obterem licenças, confirmam essa percepção.

Mesmo sem os drones, nos últimos anos a Amazon está revolucionando o mercado utilizando meios convencionais, ao criar estrutura logística própria, composta por centros de distribuição muito automatizados, aviões, caminhões e vans. Essa estrutura já entrega boa parte das encomendas remetidas pela empresa, substituindo os Correios, UPS, FedEx etc. e foi criada em menos de 10 anos – a UPS, que tem 113 anos, é apenas um pouco maior que a estrutura de entregas da Amazon.

É evidente que a Amazon precisou investir muito dinheiro nisso, partindo de um número relativamente pequeno de armazéns para grandes centros de distribuição espalhados pelo mundo. Arregimentou milhares de motoristas e veículos e passou a operar aviões em números tais que acabou se tornando maior que muitas empresas aéreas tradicionais.

Esse exemplo confirma algumas coisas, dentre elas o velho dito: em tecnologia, tentar prever o futuro quase sempre é passar vergonha.

Outra verdade inquestionável, é que coisas banais do ponto de vista tecnológico, são as que provocam as maiores modificações em nossa vida diária. Uma delas, pela qual a Amazon vem sendo responsabilizada, é o desaparecimento dos pequenos varejistas, pois as pessoas estão cada vez mais preferindo fazer compras sem sair de casa.

Tecnologia avançada é importante, mas ainda mais importante é a capacidade de organizar recursos já disponíveis, inclusive tecnológicos, para realizar grandes coisas.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.