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A Apple no meio da briga China-Taiwan

em Tecnologia
quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Vivaldo José Breternitz (*)

A Apple teria alertado seus fornecedores taiwaneses para que, quando enviarem partes para suas fábricas na China, identifiquem esses produtos como originários de “Chinese Taipei” ou “Taiwan, China”, o que certamente não agradará aos taiwaneses.

Isso já era previsto pelas regras chinesas, mas sua alfândega nunca levou essa exigência a sério, até que a deputada Nanci Pelosi resolveu, movida por interesses eleitoreiros, visitar Taiwan, que o governo chinês entende ser parte de seu país.

Irados, os chineses responderam com manobras militares e passando a fazer exigências como essa, que colidem com as regras taiwanesas, que exigem que produtos que saem do país tenham marcas que os identifiquem como fabricados em “Taiwan” ou na “Republic of China”.

Muitas empresas americanas têm um relacionamento complicado com a China, inclusive a Apple, que não comentou o assunto. Mas se a informação for verdadeira, não será a primeira vez que a empresa tentará apaziguar o Partido Comunista Chinês (que de comunista tem apenas o nome): em 2019, a Apple removeu o emoji da bandeira de Taiwan do iOS para seus usuários de Hong Kong, em meio aos protestos pró-democracia que ocorreram na cidade naquele ano.

É possível que nesse caso, a Apple tenha sentido que não tinha escolha a não ser cumprir a política da China sobre remessas de Taiwan, pois antes do lançamento do iPhone 14, que deve ocorrer ainda este ano, atrasos adicionais devido a problemas alfandegários provavelmente seriam desastrosos para a Apple, pois boa parte de seus produtos é montada na China.

De qualquer forma, se eu fosse taiwanês colocaria minhas barbas de molho…

(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas