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Bolsonaro demite secretário que copiou ministro nazista

em Política
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

O presidente Jair Bolsonaro anunciou na sexta-feira (17) a demissão do secretário de Cultura do governo, Roberto Alvim, que havia divulgado um vídeo no qual usa frases de um discurso de Joseph Goebbels.
“Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência. Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos muitos valores em comum”, diz a nota.

O pronunciamento de Alvim havia sido criticado pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, e do STF, Dias Toffoli, e até pelo guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho. O vídeo em questão foi publicado para apresentar o “Prêmio Nacional das Artes”, que financiará projetos culturais em sete categorias diferentes, de óperas a histórias em quadrinhos.

Em determinado trecho da gravação, Alvim diz: “A arte nacional da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”. As frases são semelhantes a um discurso feito por Goebbels, o grande ideólogo da propaganda nazista, para diretores teatrais em Berlim, em 1933.

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional, com grande páthos, e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels na ocasião. O trecho está em uma biografia escrita pelo historiador alemão Peter Longerich e publicada no Brasil em 2014, pela editora Objetiva.

“Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a arte brasileira, e houve uma coincidência com uma frase de um discurso de Goebbels… Não o citei e jamais o faria”, justificou, acrescentando que a “frase em si é perfeita”. Mais tarde, ele culpou “assessores” pela menção a Goebbels e pediu desculpas à comunidade judaica, mas não foi suficiente para evitar a queda (ANSA).