Marcus Trugilho (*)
Tenho refletido muito sobre os impactos do coronavírus no cenário econômico mundial e discutido com muita gente sobre o quanto a divulgação exacerbada e indiscriminada de notícias relacionadas tem sido mais prejudicial do que a própria doença.
Não minimizo os riscos que uma pandemia traz, nem tampouco sinto que os sistemas de saúde estão bem preparados para dar conta de milhares de pacientes críticos simultaneamente. Mas quero dar um outro enfoque agora.
OK. O problema está aí e muitos prejuízos já foram computados ao redor do mundo a mesmo aqui no Brasil, onde as empresas em bolsa, apenas, já perderam mais de 1 trilhão em valor de mercado pelas quedas sucessivas e pânico generalizado.
Mas onde estão as oportunidades e como as empresas devem se preparar para quando essa crise passar (mais uma na nossa história cheia delas)? Um fato é irrefutável: o brasileiro sabe lidar com crises como poucos povos. E já vemos isso começando a se manifestar, com empresas de tecnologia liberando suas plataformas de videoconferência gratuitamente e ampliando significativamente suas bases de leads, ou empresas de delivery alavancando suas operações com o aumento grande de tempo em casa que as pessoas terão nos próximos dias (sem contar com a restrição de circulação de funcionários, cozinheiros etc). Sem falar nas empresas que vendem álcool gel e máscaras.
E as oportunidades não acontecem apenas com essas situações mais imediatas. Pensando em um médio prazo, em coisa de 3 a 6 meses, vejam a situação das companhias aéreas e do varejo. As viagens estão cessadas, quer seja para lazer ou trabalho. Quando o pico da crise passar e as empresas começarem a retomar suas rotinas, as viagens de negócios devem retornar paulatinamente, o que deve recuperar parte das perdas. Mas no setor de lazer, o que será um grande problema para as empresas de turismo, agentes de viagens e segmentos relacionados, pode se transformar em boas notícias para empresas de bens de consumo durável.
Normalmente, viagens envolvem valores relativamente altos. Com as mudanças de planos, muitas delas deixarão de acontecer efetivamente, porque as janelas de folga das pessoas não serão igualmente flexibilizadas (férias, folgas remuneradas etc) e esses recursos serão redirecionados para trocar a TV de casa, o carro, eletrodomésticos, aquela reforma que está nos planos faz tempo, enfim, muitos outros aspectos das vidas das pessoas terão uma atenção maior que o turismo.
Outro aspecto que tenho ouvido muito pouco é um efeito de médio prazo que as farmacêuticas e empresas de produtos cosméticos e de higiene já devem estar de olho. Com os confinamentos forçados ao redor do mundo, daqui a 9 meses teremos muitos “filhos do corona vírus”, ou crianças concebidas nesse períodos em que as pessoas ficam mais em casa e próximas. Isso significa que poderemos ter picos de demanda desses produtos lá na frente.
O próprio mercado de games e entretenimento já mostrou ganhos relacionados à doença, com aumentos nas vendas de jogos com o tema e pay per view de filmes sobre epidemias e temas apocalípticos. “Que horror!”, muita gente vai dizer. Pra quem vive da comercialização desses conteúdos, tenho certeza que a expressão é “que fantástico!”
Enfim, agora que já sabemos do que o vírus é capaz e o que podemos fazer para tentar minimizar sua disseminação e efeitos, precisamos focar em como recuperar a economia e retomar nossas vidas hoje e quando a crise passar, porque ela vai passar, os estragos do vírus serão grandes, mas não tão grandes quanto o medo que ele causou e todos teremos que seguir com nossas vidas. Mais preparados, em teoria, para as próximas.
Lavem as mãos, usem álcool gel, evitem aglomerações, mas prestem atenção às oportunidades. Elas estão por toda parte, mesmo na crise!
(*) É membro dos Empreendedores Compulsivos, Profissional de Marketing com 20 anos de experiência em gestão de Produtos e Marcas como Sony, Nissan, Samsung, Pirelli e MetLife. Co-fundador do Pto de Contato, 1º espaço brasileiro de Coworking e da BOOST Consulting, consultoria para o mercado de Games. Siga-nos no Insta, Face e Linkedin: @empreendedorescompulsivos