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Usabilidade de software: quatro razões para torná-lo prioridade

em Opinião
quarta-feira, 04 de maio de 2022

Ana Grasielle Dionísio Corrêa (*)

O sucesso de um produto de software interativo vai depender da experiência do usuário ao utilizar esse produto.

Produtos de sucesso são aqueles que ajudam seus usuários a alcançar seus objetivos de uma maneira mais fácil e rápida comparado aos produtos concorrentes.
A experiência de usuário é, portanto, um dos aspectos mais importantes para tornar um produto interativo bem-sucedido, seja ele um negócio on-line (site ou e-commerce), um aplicativo ou qualquer outro produto digital.

A Experiência de Usuário (UX — User Experience) é um processo que os designers de software utilizam para criar produtos que forneçam boas experiências de utilização. O processo de UX garante que o usuário seja o centro das decisões de design e desenvolvimento, por isso, esse processo desempenha um papel fundamental na atração e retenção de clientes.

Não basta, portanto, que um produto atenda às necessidades do usuário; é preciso também que ele seja eficiente, intuitivo e fácil de usar, além de possuir um visual bonito e agradável. Para verificar se um software satisfaz as necessidades dos seus usuários, em termos de facilidade, eficiência e satisfação de utilização, a equipe de design realiza os chamados “Testes de Usabilidade”.

Esses testes têm como propósito geral estudar intencionalmente os usuários finais enquanto interagem com um protótipo de software, a fim de verificar falhas na sua interface e/ou interação e evitar contratempos inesperados ou surpresas que possam refletir em uma experiência ruim de utilização, após o produto ser liberado ao mercado. O teste de usabilidade, portanto, permite que os designers obtenham informações importantes sobre o comportamento, as necessidades e as expectativas dos usuários antecipadamente.

Os insights obtidos com os testes de usabilidade são essenciais para o desenvolvimento do software, uma vez que se torna possível corrigir seu design e definir prioridades de desenvolvimento. Existem quatro grandes razões para a realização dos testes de usabilidade. A primeira é que o teste, a nível de protótipo, quando realizado no início do desenvolvimento, evita que os desenvolvedores desperdicem horas valiosas tentando corrigir eventuais problemas de interface ou interação depois de já terem sido codificadas e implantadas.

O protótipo, mesmo que ainda em estágio preliminar de design, permite validar se o produto é viável ou não para execução. Além disso, em estágios iniciais de projeto, o teste de usabilidade ajuda os gerentes de produto a entender exatamente o que precisa ser construído. Portanto, entender antecipadamente quais recursos e funcionalidades, bem como alterações requeridas, otimiza o fluxo de trabalho entre as equipes, permitindo a eles desenvolver cronogramas precisos e estimativas de custo.

A segunda razão é que, além de tempo, o teste de usabilidade pode também diminuir os custos associados às horas de desenvolvimento ou correção de um problema que seria identificado somente no final do processo e que demandaria mais tempo e dinheiro para ser corrigido de forma retroativa. O teste de usabilidade, portanto, permite identificar alterações antecipadamente e mitigar custos inesperados posteriormente, além, é claro, de prever e evitar frustrações em seus usuários.

A terceira razão é que o teste de usabilidade permite validar o produto, usando dados concretos e evidências reais, uma vez que são testados por usuários reais. Muitas vezes, a maioria dos recursos de software criados nunca ou raramente são usados. Para evitar esse desperdício de recurso, é essencial confirmar que seus usuários desejam de fato os recursos criados.

Descobrir dados concretos sobre o que funciona e o que não funciona, por meio de testes de usabilidade, permite que a equipe de design priorize o desenvolvimento de recursos que serão de fato consumidos pelos seus usuários. A quarta e última razão, não menos importante, é que o teste de usabilidade garante que o produto terá sucesso antes de ser liberado ao mercado, uma vez que a equipe de design consegue validar suas suposições e determinar se os usuários encontrarão valor e utilidade em seu produto.

Ninguém pretende usar algo se ele não for fácil e intuitivo ou se não resolver o problema a qual ele foi projetado. As razões, portanto, são claras: a curto prazo, o teste de usabilidade proporciona economia de tempo e dinheiro, corrigindo problemas de UX antes que eles aconteçam em situações reais de uso; a longo prazo, a empresa se beneficiará dos testes de usabilidade, ajudando os clientes a atingir seus objetivos com experiência melhor do que a concorrência.

(*) – Doutora em Engenharia Elétrica pela Poli/USP, é professora do Programa de Mestrado Profissional em Computação Aplicada da Universidade Presbiteriana Mackenzie.