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A rapinagem vem de longe

em Opinião
terça-feira, 07 de fevereiro de 2017

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

Segundo o historiador Jorge Caldeira, o Barão de Mauá foi sabotado e com ele a própria modernização do Brasil que permaneceu exportador de primários com trabalho escravo.

Com a Lei Áurea, em 1888, D. Pedro II perdeu o trono, e os republicanos nada fizeram para integrar o contingente liberado, e assim fomos deitando em berço esplêndido, sem mercado interno, sem renda, e com precária educação que tem piorado ainda mais na atualidade. Precisamos redespertar o sonho de um Brasil melhor e trabalhar com seriedade e equilíbrio nas contas internas e externas.

O Banco Central já vendeu em janeiro de 2017 o equivalente a US$ 5,7 bilhões para rolar o total de US$ 6,431 bilhões que vence em fevereiro. Qual foi o resultado dessa rolagem? Ganho ou perda? Os países atrasados deveriam se posicionar para obter uma situação cambial estável, mais realista e favorecedora de exportação, mas se apegaram aos benefícios eleitorais do dólar barato para importações mesmo que aumentem o déficit.
Com os fluxos especulativos, o câmbio perdeu toda a sustentabilidade, varia de acordo com as manipulações.

A rapinagem vem de longe. Neste último período extrapolou todos os limites. Em 2016, houve R$ 167 bilhões de déficit que somados aos juros, o elevou para quase 10% do PIB, tendendo a dívida ao montante de mais de 80% do PIB. É muito triste ver a situação em que o país ficou, endividado e em declínio. A grande maioria da população será penalizada pela desonestidade, incompetência e falta de patriotismo dos gestores.

Além da balburdia financeira, foi permitida deterioração geral na saúde, educação e na indústria. Os empregos diminuem. O salário encolhe e fica comprimido, mas os reajustes de preços prosseguem, resultando no empobrecimento e precarização geral. O mundo vive uma bagunça horrorosa que tende para desordem geral quando se evidencia a falta de sinceridade dos líderes e as esperanças se desvanecem.

O desemprego é um fantasma que vem crescendo continuadamente não só no Brasil. A história econômica do país relata que nas crises econômicas, vindas de fora, o sistema involuiu para uma economia de subsistência. Atualmente não há alternativas adequadas e os milhões de desempregados ficam pelas ruas sem ter o que fazer. A liberdade é aparente, as pessoas vivem acomodadas num círculo fechado com poucos incentivos para buscar a verdade; apenas alguns ainda fazem reflexões sérias e sinceras.

O tempo passa ou nós passamos pelo tempo? Seria tudo obra do acaso?

Na verdade, pouco se sabe sobre o significado da vida. A liberdade é inata no ser humano. A escravização é antinatural. A liberdade plena requer o saber amplo sobre o significado da vida. “Conhecereis a Verdade e ela vos libertará”. Mas onde buscar a luz da verdade neste mundo dominado pelo dogmatismo e teorias engendradas pelo raciocínio, impostas coercitivamente aos seres humanos?

As teorias proliferam em todos os campos, desenvolvidas por mentes ativas, introduzindo nomenclaturas pomposas e falta de clareza. O importante é olhar para a realidade e saber como as coisas funcionam. Grandes fortunas não foram geradas por teorias, mas com expertise negocial, oportunismo e uma dose de rapinagem.

As sociedades deveriam estar aptas a organizar a utilização de seu espaço de forma equilibrada e possibilitar vida condigna aos seus habitantes com liberdade e responsabilidade.

(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). E-mail: ([email protected]).