Norberto Chadad (*)
Há empresas organizadas, outras nem tanto.
Aquelas que se organizaram costumam ter por base normas escritas definidas pela sua história, sua vocação, sua posição no mercado e até mesmo por sua função social. Entretanto, aquelas que não se organizaram funcionam, em geral, fundamentadas em costumes, tradição e preceitos nem sempre comunicados aos empregados. Do ponto de vista dos empregados, conhecer as regras de conduta da empresa, sejam formais ou informais, explícitas ou implícitas, é condição para manterem seus empregos.
Por esse motivo, o ideal é que a empresa tenha claramente proferida qual é a sua política empresarial interna junto aos empregados. Estas diretrizes devem deixar evidente o conjunto de procedimentos, regulamentos, estratégias e definições que formam os alicerces daquela instituição. Estas informações servem de orientação para que os colaboradores assumam o comportamento que a empresa espera deles.
As normas empresariais devem ser claras, adequadas e favoráveis à corporação, pois definem a linguagem a ser usada, a atitude diante de situações adversas, as práticas estruturais do negócio, as condições de relacionamento com o público interno/externo e aos valores da empresa.
Funciona como um código de conduta que deve ser respeitado. Esses códigos definem padrões. E o que as empresas esperam de seus empregados é que não rompam com seus padrões.
Dois casos recentes de comportamentos conflitantes com a cultura da empresa mostram os efeitos negativos desse contraste. Durante a Copa do Mundo, um dos brasileiros identificados no vídeo machista em que constrangia uma mulher russa trabalhava na empresa aérea LATAM e foi demitido por agir em desacordo com a política da companhia.
O outro exemplo é do mundo da tecnologia. O CEO da Intel, Brian Krzanich, pediu demissão em junho após ter assumido um caso com uma funcionária, o que viola os termos da empresa. Além da demissão em si, o caso serviu também para reforçar que as regras valem para todos os funcionários de qualquer nível hierárquico.
A forma como as empresas lidam com funcionários que recebem presentes de fornecedores ou clientes também merece reflexões. Enquanto algumas instituições são bastante tolerantes em relação a esses procedimentos, outras chegam a considerar a prática como uma espécie dissimulada de suborno. É preciso consultar a política da empresa antes de aceitar qualquer “agrado” desse tipo.
Ao recém-contratado, que ainda não assimilou as informações necessárias para contribuir com relatos de qualquer fato, orientações ou postura de pessoas, recomenda-se que não tome qualquer atitude radical antes de compreender os motivos de algumas regras – sejam elas faladas ou não. Se a empresa tem uma política de não retaliação, aceitando que empregados dirijam críticas reais ou potenciais aos líderes ou à direção da empresa, tudo bem.
Mas, no geral, a aceitação de críticas é bem baixa no ambiente empresarial e o não cumprimento desta política implicará medidas pesadas disciplinares, podendo chegar até a demissão por justa causa.
O bom senso deve sempre prevalecer, tanto em relação às regras quanto à dinâmica do trabalho. Em ambientes como hospitais, bibliotecas e escolas, que exigem silêncio para o bom andamento das atividades, sendo necessária a concentração de todos, falar muito alto ou ouvir música durante o trabalho pode atrapalhar.
É preciso buscar equilíbrio nas tarefas do dia a dia para não importunar colegas e chefes ou invadir o espaço do outro. Não se trata de renunciar aos próprios princípios, crenças e projetos, mas de adaptar as atitudes às expectativas da empresa. Afinal, trabalhar em uma determinada instituição é escolha sua. Os incomodados se mudam, os incomodadores são mudados. Pense nisso!
(*) – É Engenheiro Metalurgista pela Mackenzie, Mestre em Alumínio pela Poli, Economista pela FGV, Master em Business Administration pela Los Angeles University, CEO da Thomas Case & Associados e Fit RH Consulting.