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A criação de uma cultura educativa voltada aos dados

em Opinião
terça-feira, 20 de abril de 2021

Eduardo Nistal (*)

A figura dos dados é, sem dúvidas, um dos grandes exemplos de como a transformação digital pode revolucionar a realidade operacional das empresas brasileiras.

Com a utilização analítica de informações armazenadas internamente, o gestor, bem como suas equipes de profissionais, poderá apoiar suas decisões em referências seguras, sobre melhores métodos de trabalho, estratégias a serem traçadas, o próprio relacionamento com o cliente, entre outras vertentes cotidianas. Trata-se de um estágio de eficiência e produtividade a ser conquistado pelos que realizam essa transição ao digital.
No entanto, o caminho para atingir esse nível de aproveitamento extremamente positivo requer medidas pontuais por parte dos líderes, que devem construir uma cultura organizacional alinhada com a inclusão de todos quanto à presença tecnológica e a geração de insights. Não por acaso o conceito de educação de dados tem crescido no meio empresarial, expondo a urgência por uma capacitação abrangente e democrática.
Por que a educação de dados deve ser pauta na sua empresa? Quando se discute o avanço da tecnologia sobre as empresas, é muito fácil cair na digitalização como um fator único para que a inovação resolva todos os problemas apresentados pela companhia. Naturalmente, esse pensamento acaba desmistificado na prática, especialmente se nos aprofundarmos no universo dos dados e como esses objetos analíticos são valiosos.
O conceito de Business Intelligence (BI) traduz o potencial do uso inteligente de informações e como essa movimentação pode impactar diversas vertentes internas, atribuindo muito mais assertividade às medidas adotadas. Porém, é de suma importância compreender o papel das pessoas nesse cenário, afinal, não se trata de descartar o protagonismo dos colaboradores, pelo contrário, são eles os maiores responsáveis por interpretar os materiais extraídos e transformá-los em ações efetivas.
Com isso posto, o questionamento repousa nos artifícios de se capacitar profissionais pouco familiarizados com o tema. Existem práticas voltadas para treinamentos educativos e que vão além, tornando o processo de transformação digital inclusivo e acessível a todos. Isso nos leva ao próximo tópico.
Atualmente, é quase unanimidade que existe uma grande lacuna quanto à qualificação na área de leitura e interpretação de informações. O método de Data Literacy surge com a proposta máxima de alfabetização de dados que, em outras palavras, significa ajudar o profissional a utilizar os dados disponibilizados com tranquilidade e confiança de que está fazendo a coisa certa.
Outra característica relevante dessa metodologia inovadora é na dimensão dos benefícios que traz à organização, desde a capacitação individual do colaborador até a construção de uma cultura de alfabetização geral, em que todos terão a capacidade de interpretar um dado, utilizar o gráfico correto para determinada informação, saber conceitos básicos como, por exemplo, média móvel que tanto se fala hoje devido a pandemia, entre outros conceitos.
Para normalizar o Data Literacy no âmbito interno, existem alternativas que funcionam como um programa educacional visando a participação das pessoas que lidam diariamente com o fluxo de informações. O objetivo é preservar o protagonismo dos profissionais de modo que todos tenham acesso aos objetos analíticos.
Com isso, a etapa de tomada de decisão, evento que precede qualquer tipo de iniciativa, de pequena, média ou grande escala, terá todas as condições de funcionar adequadamente, reduzindo a chance de equívocos e fomentando atitudes próximas à realidade da empresa e também do mercado.
Volto a destacar o papel dos líderes para que a alfabetização dos dados seja uma ação primária dentro das empresas. Os benefícios desse movimento são numerosos e colocam a devida importância no uso de informações estratégicas, sempre sob a premissa de que o profissional é peça-chave nesse processo.

(*) – Com mais de 19 anos de experiência executiva na estruturação, liderança e inovação das áreas Comerciais, Marketing, Canais, Parcerias, Modelos de Negócio e Desenvolvimento de Produtos, é CEO do Grupo Toccato.