Túlio Iannini (*)
Os meios de pagamentos estão passando por um período de crescimento e evolução, o que nos permite enxergar os próximos dois anos com mais maturidade. De acordo com os números apresentados pela ABECS (Associação das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), os cartões, incluindo débito, crédito e pré-pagos, devem manter um crescimento consistente em 2024.
No entanto, espera-se um crescimento um pouco mais elevado para os cartões pré-pagos. Em 2022, as operações de cartões de crédito cresceram 29,4%, os de débito 7,4% e os pré-pagos impressionantes 94,4%. Com base nos dados até agora em 2023, espera-se que as operações de débito cresçam menos, enquanto os pré-pagos devam superar os 110% de crescimento.
O Pix, sistema de pagamentos instantâneos, também está apresentando um crescimento significativo, com um aumento de 15% em comparação ao ano anterior. Em outubro foram registradas mais de 4 bilhões de operações Pix, de acordo com o Banco Central. Além disso, as instituições de pagamentos autorizadas pelo BC devem ter um crescimento próximo a 24%.
Atualmente, 111 instituições estão na lista de autorizadas, e espera-se que esse número continue a crescer nos próximos anos. São Paulo lidera a lista, seguido por Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro. Das autorizadas, apenas 23 operam como participantes diretos do Pix, mas espera-se um crescimento ainda maior dos participantes indiretos, que atualmente somam 651.
O ITP (Iniciador de Transação de Pagamentos) também está em ascensão, com um crescimento de 40% no número de instituições autorizadas, totalizando atualmente 34 no país. Embora o volume de operações do ITP tenha aumentado consideravelmente, ainda há um potencial maior que a plataforma pode alcançar. A expectativa é que o ITP para recorrência seja lançado em maio de 2024, após um adiamento que estava previsto para agosto de 2023.
O BC cumpriu praticamente toda a agenda para os meios de pagamentos em 2023, implementando medidas como monitoramento, bloqueio e devoluções parciais, marcação de fraude não transacional, novos contadores antifraude, liquidação não prioritária, consulta em lote no DICT (Diretório de Identificadores de Contas Transacionais), MED 2.0 (mecanismo exclusivo do Pix criado para facilitar as devoluções em caso de fraudes), novas regras de limite para o Pix, guia de implementação dos procedimentos de devolução no Pix e critérios e condições para terceirização de atividades BaaS – Bank as a Service.
Embora o Pix automático tenha sido muito aguardado em 2023, sua implementação foi adiada para outubro de 2024. Por outro lado, no ano passado, o DREX – moeda digital brasileira – ganhou destaque este ano, com a seleção de empresas para a fase piloto e debates significativos na sociedade a partir de julho.
Em 2024, esperamos ver um amadurecimento ainda maior no ambiente de meios de pagamentos. As novas fintechs autorizadas terão um período para se adequarem tecnologicamente e em termos de gestão, assim como as iniciantes no arranjo Pix. Para as fintechs já estruturadas e preparadas, haverá oportunidades para atender um mercado em crescimento nas operações Pix, principalmente nos setores de recorrência e apostas eletrônicas.
Também podemos esperar uma maior exploração das contas digitais de nicho, à medida que o conceito de “Embedded Financial” – tendência que visa incluir soluções financeiras ao portfólio de empresas que não possuem core business no mercado financeiro – se consolida com as APIs para BaaS. Empresas de diversos segmentos passarão a oferecer serviços de pagamentos e financeiros dentro de seus arranjos existentes, aproveitando as oportunidades que antes eram de difícil acesso.
(*) – É fundador e CEO da U4C, especialista em ITP – Iniciador de Transação de Pagamentos – e empreendedor em tecnologia financeira (https://www.u4c.com.br).