
Ana Paula Debiazi (*)
Lançada em janeiro de 2025, a DeepSeek, inteligência artificial desenvolvida por uma empresa chinesa e especializada em modelos de linguagem de grande porte (LLMs) de código aberto, revolucionou um mercado que parecia consolidado. O modelo se destacou por oferecer desempenho comparável ao de concorrentes como ChatGPT da OpenAI, mas com custos de treinamento muito menores — cerca de US$ 6 milhões, em contraste com os US$ 100 milhões necessários para a versão GPT-4 do ChatGPT. Além disso, sua eficiência é notável, exigindo apenas um décimo da potência computacional de modelos equivalentes. As big techs preparam uma ofensiva contra a nova concorrente mantendo investimentos altos no aprimoramento de suas ferramentas.
Corrida bilionária para dominar a IA
Os investimentos das gigantes americanas da tecnologia em IA continuam em ritmo acelerado. De acordo com balanços recentes, Amazon, Microsoft, Google e Meta devem investir juntas US$ 320 bilhões até o final de 2025, aumento significativo em relação aos US$ 246 bilhões do ano passado. Os aportes têm como objetivo expandir a capacidade computacional necessária para rodar modelos de IA cada vez mais avançados, o que inclui a construção de data centers, o desenvolvimento de chips especializados e a otimização de redes neurais. Com a crescente demanda por chips de IA, as big techs estão investindo também na fabricação de semicondutores próprios para reduzir a dependência da Nvidia, como os chips TPUs do Google e os Azure Maia da Microsoft.
O presidente americano Donald Trump busca fortalecer o desenvolvimento de inteligência artificial nos Estados Unidos por meio de políticas públicas. O republicano anunciou um ambicioso projeto bilionário de infraestrutura em IA, em parceria com o setor privado. Batizada de Stargate, a iniciativa envolve companhias como OpenAI, SoftBank Group e Oracle (ORCL), contando com o investimento inicial de até US$ 500 bilhões.
Mercado apreensivo
No entanto, o movimento das big techs contraria a cautela demonstrada pelos investidores, que alertam para a necessidade de ponderar os aportes em IA. O mercado teme que os altos gastos não resultem em retornos financeiros significativos, preocupação que se intensificou após a chinesa DeepSeek lançar um modelo de IA altamente eficiente utilizando chips antigos da Nvidia. Diante desse cenário, executivos das empresas de tecnologia têm buscado tranquilizar os empresários, argumentando que a redução dos custos da IA deve impulsionar a demanda por seus produtos.
Competição e aprimoramento da tecnologia
A DeepSeek representa um avanço que transforma a dinâmica do mercado, estimulando a competição e a inovação, o que levou as grandes companhias de tecnologia a intensificarem seus investimentos. Modelos avançados de IA têm o potencial de aumentar a eficiência operacional das empresas, automatizando processos e reduzindo custos. Outro destaque é que há um forte interesse na monetização da IA, seja por meio de ferramentas empresariais, como o Microsoft Copilot e o Gemini do Google, ou de novos produtos baseados em assinaturas. As companhias incorporam inteligência artificial em assistentes virtuais, mecanismos de busca mais inteligentes, geração de conteúdo, publicidade e serviços na nuvem, sendo um diferencial competitivo dentro de seus ecossistemas.
A inteligência artificial tem aplicações em diversas áreas, desde pesquisa e desenvolvimento até atendimento ao cliente e criação de conteúdo. O principal objetivo dos investimentos recentes das grandes empresas de tecnologia é garantir domínio tecnológico, manter a competitividade, aumentar a eficiência e explorar novas fontes de receita impulsionadas pela IA. Com o setor ainda em plena expansão, as big techs estão determinadas a não perder nenhuma oportunidade para liderar nesse mercado.
(*) CEO da Leonora Ventures (e-mail: [email protected]).