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Ex-promotor da ‘Mãos Limpas’ defende prisão de Lula

em Manchete
quarta-feira, 18 de abril de 2018
ANSA

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Di Pietro afirmou que ex-presidente Lula não sofre processo político.

O ex-promotor italiano Antonio Di Pietro, um dos líderes da Operação Mãos Limpas, saiu em defesa da Lava Jato e afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é alvo de um “processo político”. Em entrevista ao jornal “Il Fatto Quotidiano”, próximo ao partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), Di Pietro disse que, assim como na Itália, não há “nenhuma forçação jurídica” na ação dos promotores brasileiros.
Tal qual a Mãos Limpas, a Lava Jato é acusada por críticos de exagerar nas prisões preventivas para conseguir delações premiadas contra figuras de relevo. “Estou convencido de que é possível comparar as duas experiências e de que ambos os inquéritos foram conduzidos de modo exemplar, no respeito da lei e das garantias dos investigados”, afirmou o ex-promotor. “Os ataques que nós sofremos, em 1992 e 1993, quando nos criticavam dizendo que estávamos fazendo uma operação política, agora atingem os magistrados brasileiros, acusados por uma espécie de ‘golpe contra a democracia’”, acrescentou.
Na visão de Di Pietro, de quem o juiz Sérgio Moro é admirador declarado, a Justiça do Brasil está ‘apenas fazendo seu dever’. “Descobriram uma corrupção sistêmica muito disseminada, assim como a Mãos Limpas descobriu na Itália. Lula não sofreu um processo político”, disse. A Mãos Limpas investigou 4,5 mil pessoas, indiciou 3,2 mil e obteve cerca de 1,3 mil condenações, redefinindo o mapa político da Itália e causando a extinção da Democracia Cristã e do Partido Socialista Italiano, que governavam o país desde o fim da Segunda Guerra.
Di Pietro, hoje com 67 anos, se aposentou como promotor em 1994 e depois tentou a sorte na política. Ao longo de 15 anos, exerceu os cargos de eurodeputado, deputado, senador, ministro do Trabalho e ministro dos Transportes – estes dois últimos no governo de centro-esquerda de Romano Prodi. Ele também fundou o partido Itália dos Valores (IdV), o qual deixaria em 2013. No entanto, hoje está afastado da vida pública (ANSA).