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Pesquisa aponta que redes de franquias superam faturamento pré-pandemia

em Manchete Principal
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Para 60,3% das redes de franquias do país ouvidas na 6ª edição da pesquisa Franchising Frame, realizada no final de 2022, pela Praxis Business, consultoria especializada em modelos de negócio e desenvolvimento humano para o franchising e varejo e o Grupo MD, primeira agência de comunicação especializada em redes de franquia e varejo, o faturamento já superava os patamares anteriores à pandemia. Entre as marcas entrevistadas, 47,3% estimaram fechar 2022 com um crescimento de mais de 15% em termos de “same store sales” na comparação com 2021.

Participaram do levantamento 131 franqueadoras do país que, juntas, somam cerca de 28,5 mil unidades de franquias de diferentes setores: alimentação (25,2% da amostra); saúde, beleza e bem-estar (18,3%); moda (13,7%); serviços e outros negócios (9,9%); casa e construção (9,2%); outros (7,6%); serviços educacionais (4,6%); limpeza e conservação (3,8%); serviços automotivos (3,1%); entretenimento e lazer (2,3%); hotelaria e turismo (1,5%); e comunicação, informática e eletrônicos (0,8%). Em relação a faturamento, 23,7% da amostra tem receita superior a R$ 300 milhões por ano.

De acordo com Adir Ribeiro, CEO e fundador da Praxis Business, no geral o setor de franchising foi bem resiliente e o apoio dos franqueadores foi fundamental na busca de soluções em conjunto o que ajudou na recuperação do desempenho das redes.

Imagem: Tashatuvango_CANVA

Novo jeito de fazer negócio

A pesquisa mostrou que 71% das redes franqueadoras adotaram mudanças em seus modelos de negócios, sendo que 54% adotaram canais digitais ou práticas de omnicanalidade; 47% fizeram a digitalização de processos, produtos ou serviços; 39% adotaram modelos de negócios mais enxutos (com menos investimento); 29% adotaram novos produtos; e 24% adotaram novos serviços.

Maiores dificuldades enfrentadas pelas redes em 2022

O maior desafio, hoje, está na gestão de pessoas nas unidades franqueadas. Em seguida, aparecem perfil do franqueado inadequado para o negócio, dificuldade para a venda de novas franquias, marketing na rede e baixo engajamento dos franqueados e suas equipes. Entre os dez principais desafios, surge um item inédito, que ainda não havia aparecido nas pesquisas anteriores: gestão das redes sociais próprias ou dos franqueados.

Para Denis Santini, CEO do Grupo MD, estamos vivendo a era da mídia. “Tudo é mídia, ponto de venda (PDV) é mídia, produto é mídia, equipe é mídia, e nunca o PDV a microrregião e a equipe de loja, tiveram tanto protagonismo e isso se multiplica no caso de franquias. O que se reflete diretamente na questão das mídias sociais, com o empoderamento do PDV, também cresce a presença digital das unidades franqueadas com perfis próprios, e ainda há poucos franqueados capacitados neste sentido”, alerta Santini.

Capacitação e desenvolvimento de franqueados

A máxima de que se contrata pela competência técnica e se demite pela comportamental também é realidade no setor de franchising. A pesquisa aponta que o maior motivo de fechamento de franquias está associado ao comportamento do franqueado. No entanto, a capacitação recebeu poucos investimentos ao longo do último ano. Pouco mais de 45% das redes investem no máximo R$ 50 mil por ano em treinamentos, enquanto, apenas 16,7% aplicam mais de R$ 300 mil. De acordo com Marilia Saveri, sócia da Praxis Business, as franqueadoras procuram franqueados com mais soft skills, como atitude e relacionamento, mas ainda é baixo o investimento em treinamento com foco em questões comportamentais. “O princípio do sistema de franquia é a transferência de conhecimento, como afirmar que isso está sendo feito se investimos tão pouco em capacitação?”, afirma.

Imagem: macgyverhh_CANVA

Canais de venda: um desafio para as franquias

Para 53,7% dos respondentes, os franqueados enxergam o e-commerce como uma oportunidade para gerar mais receita ou fluxo na loja. Ao mesmo tempo, para mais de 40% dos respondentes, os franqueados apontam o comércio eletrônico como uma ameaça.

Mesmo com as discordâncias entre franqueadores e franqueados quando o assunto são canais digitais, estes representam, em média, cerca de 20,5% do faturamento das redes pesquisadas. A prática mais comum no mercado de franquias, quando se fala em e-commerce mantido pela própria marca, é a cobrança de um percentual sobre a venda gerada pelo site (do total dos respondentes que disseram cobrar taxas, 85% adotam essa modalidade de cobrança).

O setor de franchising vem aderindo à omnicanalidade (integração entre canais de venda), apesar de ainda haver 29,8% das redes que afirmaram não trabalhar com nenhum dos canais digitais listados na pesquisa. Por outro lado, entre as redes que afirmaram trabalhar com canais físicos e digitais, 43% já operam de forma integrada com o “compre online e retire na loja”, enquanto 36% atuam por meio da “entrega a partir da loja (ship from store”) e 14% por meio de prateleira infinita. Apenas 8,7% das redes que trabalham com canais físicos e digitais operam com as três modalidades de integração investigadas pela pesquisa. O resultado mostra também que, para as redes que operam com as diferentes modalidades de canais (físicos e digitais), 27% não possuem qualquer integração entre eles.