Os indicadores antecedentes do mercado de trabalho, divulgados ontem (8), pela Fundação Getulio Vargas (FGV), sugerem continuidade no processo de deterioração das condições de emprego, na avaliação de Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV). No segundo trimestre, a taxa de desemprego, medida pela Pnad Contínua, ficou em 8,3%, maior nível da série da nova pesquisa do IBGE, iniciada em 2012.
“A tendência é continuar aumentando”, afirmou Moura. A equipe do Ibre/FGV projeta a taxa de desemprego, calculada pela Pnad Contínua, em 8,5% na média de 2015 e em 9,5%, em 2016 – ante uma média de 6,8% em 2014. O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) recuou 2,6% em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal, atingindo 64,2 pontos, menor nível desde janeiro de 2009 (62,8 pontos), auge da crise internacional iniciada em 2008.
Moura chamou a atenção para o quadro no setor de serviços. O indicador que retrata a situação atual dos negócios para o setor de serviços (-7,0%) foi um dos que puxou a queda no IAEmp. “Foi o setor aonde a crise chegou por último, afetado pela piora na massa de rendimentos”, disse o pesquisador do Ibre/FGV, lembrando que o desempenho do setor de serviços é muito dependente do consumo das famílias, que em 2015 começou a puxar o Produto Interno Bruto (PIB) para baixo.
Por outro lado, o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) recuou 1,4% em agosto ante julho (para 89,5 pontos), primeira queda após sete meses seguidos de alta. A queda significa que a percepção dos consumidores sobre o mercado de trabalho melhorou, mas Moura minimizou o movimento e destacou que dificilmente o ICD escapa da tendência de alta, ou seja, de piora. “Na média móvel trimestral, o indicador segue subindo”, afirmou Moura, explicando a queda em agosto como uma “oscilação normal da série”, que vinha subindo desde o início do ano (AE).
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