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Confiança e renda em queda, desemprego e inflação atrapalham indústria

em Manchete Principal
terça-feira, 02 de fevereiro de 2016

O mercado de trabalho funciona de maneira mais restrita, com desemprego aumentando e renda diminuindo.

A confiança em baixa, tanto dos empresários quanto dos consumidores, a deterioração do mercado de trabalho e a inflação batendo recordes de alta contribuíram para o mau desempenho da indústria em 2015, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. No ano passado, a queda de 8,3% na produção ante 2014 foi o pior resultado desde o início da série histórica (2003).
Segundo Macedo, o resultado ao longo de 2015 foi marcado por uma disseminação de dados negativos entre as atividades industriais, além do aumento de intensidade do recuo com a passagem dos meses “Não por acaso fechamos com um resultado em magnitude (de queda) muito superior do que no início do ano”, disse.
“O baixo nível de confiança do empresário, que adia e inibe investimentos, o baixo nível de confiança dos consumidores, que leva a um adiamento de consumo de bens, o mercado de trabalho funcionando de maneira mais restrita, com desemprego aumentando e renda diminuindo, combinado com crédito mais caro, mais escasso… tudo isso forma um cenário que ajuda a entender esse resultado. Além, é claro, de um nível de preços mais elevado”, explicou Macedo.
Um dos poucos fatores positivos ao longo de 2015, o câmbio contribuiu para a melhora de alguns setores, mas foi insuficiente para recuperar a indústria como um todo. Os mais beneficiados são segmentos já voltados para o mercado externo, como celulose. Nos demais, a substituição de importações “não acontece do dia para a noite”, disse o gerente. “Nesse momento, o câmbio favorece alguns poucos segmentos, e isso não é suficiente para reverter todo esse desempenho de queda visto ao longo do ano passado”, afirmou Macedo.
No fim de 2015, os estoques melhoraram em alguns setores, mas isso não significa que haverá retomada no início de 2016, advertiu o gerente do IBGE. “A combinação de uma produção em queda já há algum tempo faz com que haja ajustamento dentro dos estoques das fábricas. Informações externas ao IBGE mostram que houve melhora nos estoques no fim do ano, especialmente em dezembro. Isso pode sinalizar alguma melhora, mas a retração no ambiente doméstico permanece”, disse (AE).