Veja quem luta contra quem no conflito na Síria
Veja quem luta contra quem no conflito na Síria
Mais do que um sangrento conflito interno, a guerra civil na Síria, que já dura sete anos e contabiliza mais de 500 mil mortos, envolve interesses geopolíticos das maiores potências do planeta e atores importantes no Oriente Médio
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Veja quem é quem no conflito no país árabe:
Bashar al Assad – No poder desde 2000, o atual presidente da Síria é filho de Hafez al Assad, que comandou o país com mão de ferro entre 1971 e 2000. Assad é alauita, seita muçulmana que deriva da vertente xiita, mas não é conhecido pela religiosidade e sempre manteve um governo laico, embora repressivo. Em março de 2011, a falta de liberdade, o desemprego e a corrupção motivaram manifestações contra o presidente, que foram duramente sufocadas. Isso levou a uma rápida escalada na violência, e adversários do regime pegaram em armas;
Rússia – Principal escudo de Assad no cenário internacional, a Rússia vê na guerra da Síria uma oportunidade de preencher o vácuo deixado pelos Estados Unidos e ampliar sua influência no Oriente Médio, fortalecendo também a imagem de Vladimir Putin como líder perante seus eleitores. Moscou já vetou diversas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra o regime de Damasco e tem dado apoio aéreo às forças de Assad na luta contra rebeldes e grupos terroristas. Além disso, a Síria é geograficamente próxima à Rússia, que, já cercada pela União Europeia no Velho Continente, vê riscos para sua influência no caso de uma eventual “ocidentalização” da nação árabe. A Síria também abriga a única base naval russa no Mediterrâneo, em Tartus;
Irã – No Oriente Médio, o principal aliado de Assad é o xiita Irã, que fornece a Damasco armas, recursos financeiros e apoio militar. Seu objetivo é evitar que milícias sunitas dominem o país e se contrapor às ricas monarquias dessa vertente do islã no Golfo Pérsico, como a Arábia Saudita, que apoia os rebeldes;
EUA – Com Barack Obama, os Estados Unidos declararam apoio aos rebeldes e pediram a queda de Assad. No entanto, Washington não se envolveu diretamente no conflito até 2014, quando passou a bombardear alvos do grupo jihadista Estado Islâmico. Ainda assim, o regime de Damasco não havia sido atacado até abril de 2017, quando o sucessor de Obama, Donald Trump, ordenou o lançamento de mísseis contra a base militar de Shayrat. O republicano pretende marcar a presença dos Estados Unidos no Oriente Médio, reduzida durante os mandatos de Obama. O país lidera uma coalizão internacional contra o EI;
Turquia – Membro da aliança militar comandada pelos EUA e de maioria sunita, a Turquia defende a queda de Assad e dá apoio a grupos rebeldes. Ancara também aproveita suas incursões na Síria para atacar milícias curdas, consideradas terroristas pelo governo turco;
Guerra na Síria completa 7 anos
O cerco do regime de Bashar al Assad em Ghouta Oriental, território controlado por rebeldes, representa um dos atos finais da guerra na Síria, que completou sete anos na última quinta-feira (15) e já deixou mais de 500 mil mortos. Veja abaixo a cronologia do conflito:
2011 – Em fevereiro, estudantes de uma escola de Daraa são presos sob a acusação de terem escrito slogans contrários ao regime. Em 15 de março, ocorre a primeira grande manifestação em Damasco contra Assad, além de um protesto em Daraa. Os atos ganham força e são reprimidos duramente pelo governo. Em junho, os primeiros desertores das Forças Armadas dão vida ao Exército Livre da Síria (ELS). Em agosto, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a União Europeia pedem que Assad deixe o poder. Em outubro, Rússia e China vetam uma resolução da ONU condenando o regime.
2012 – Em maio, começam a chegar à Síria os primeiros jihadistas estrangeiros para lutar na rebelião contra Damasco. O movimento xiita libanês Hezbollah envia militantes para defender o regime. Em julho, um atentado em Damasco mata o ministro da Defesa Daud Rajiha. Em agosto, os rebeldes avançam sobre Aleppo, uma das principais cidades do país. Três meses depois, as potências ocidentais reconhecem a oposição exilada como “única representante do povo sírio”;
2013 – Em janeiro, as forças legalistas se retiram de Raqqa, que é ocupada pelas primeiras células do Estado Islâmico. Em agosto, subúrbios de Damasco controlados por rebeldes são atacados com armas químicas. Estados Unidos e Rússia chegam a acordo para eliminar o arsenal tóxico do regime;
2014 – Em janeiro, rebeldes islâmicos iniciam ofensiva contra o EI. A conferência “Genebra 2” se encerra sem avanços. Em fevereiro, 1,4 mil pessoas são evacuadas de Homs, que é assediada pelas forças de Assad. Em maio, Damasco reconquista a cidade, com a ajuda do Hezbollah. Em agosto, o Estado Islâmico proclama um “califado” englobando seus territórios na Síria e no Iraque. Em setembro, começam os ataques aéreos da coalizão liderada pelos EUA contra o E;.
2015 – O ano começa com os curdos avançando contra os jihadistas em Kobane. Em maio, o EI conquista a cidade histórica de Palmira. Em setembro, a Rússia inicia operações em apoio a Assad. No último mês do ano, após os atentados de Paris, o Reino Unido se junta à coalizão norte-americana.
2017 – Logo em janeiro, a Rússia começa a diminuir sua presença militar na Síria, e a cidade de Astana, no Cazaquistão, sedia uma nova tentativa de negociações de paz entre rebeldes e o governo, mas as tratativas não avançam. Em 30 de março, a Casa Branca diz que sua prioridade na Síria é combater o terrorismo, não derrubar Assad.
Na semana seguinte, um ataque químico atribuído a Damasco mata mais de 80 pessoas na província de Idlib, dominada por rebeldes e pelo grupo terrorista Fatah al Shan, antiga Frente al Nusra e ligado à Al Qaeda. Na madrugada de 7 de abril, o presidente Donald Trump volta atrás em sua postura sobre Assad e bombardeia a base militar de Shayrat, de onde teria partido a ação com armas tóxicas. Em junho, a Opaq confirma o uso de gás sarin no ataque químico em Idlib. A própria ONU, em setembro, culpa o regime de Damasco pela operação. Em outubro, Raqqa, a “capital do EI na Síria”, é libertada. Um mês e meio depois, a Rússia declara a queda do grupo terrorista no país árabe;
2018 – O ano começa com a invasão da Turquia para combater grupos curdos em Afrin, no noroeste sírio, em 20 de janeiro. A ofensiva continua em curso e acontece paralelamente ao cerco de Assad e da Rússia para retomar Ghouta Oriental, enclave perto da capital ainda dominado por rebeldes – incluindo grupos ligados à Al Qaeda. Uma trégua de 30 dias imposta pela ONU no fim de fevereiro é repetidamente violada, agravando a crise humanitária em Ghouta, que abriga cerca de 400 mil civis (ANSA).