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Avança o Indicador de inadimplência do consumidor; país tem 62,9 milhões de negativados

em Especial
quinta-feira, 13 de setembro de 2018
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Avança o Indicador de inadimplência do consumidor; país tem 62,9 milhões de negativados

O volume de consumidores com contas em atraso voltou a subir em todo o país. No último mês de agosto aumentou em 3,63% a quantidade de novos inadimplentes na comparação com o mesmo período do ano passado

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Fotos: Divulgação

 

Os dados são apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito a partir das bases às quais as duas instituições têm acesso.

Trata-se do 11º crescimento consecutivo na comparação anual da série histórica, apesar de a alta ser mais modesta do que nos meses de junho (4,07%) e julho (4,31%). Em número absoluto, estima-se que aproximadamente 62,9 milhões de brasileiros estejam com restrições ao CPF, enfrentando dificuldades para controlar empréstimos, obter financiamentos ou realizar compras parcelas, o que representa 41% da população brasileira adulta.

Se na comparação anual houve um aumento de brasileiros com contas atrasadas, na comparação mensal a inadimplência apresentou ligeira queda. Na passagem de julho para agosto, sem ajuste sazonal, diminuiu em -0,71% a quantidade de pessoas inadimplentes. É a segunda queda mensal seguida observada pelo SPC Brasil. Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, apesar de o pequeno recuo nos últimos 30 dias, a inadimplência segue elevada, refletindo as dificuldades econômicas do país.

“A recuperação econômica mais lenta do que o esperado cria dificuldades para a gestão do orçamento das famílias, frustrando planos e a volta do consumo. A reversão desse quadro passa por uma aceleração da atividade econômica, em especial, do emprego e renda, que são os fatores que mais pesam para a confiança do consumidor”, explica o presidente.

carteira-mao-home temprarioInadimplência cresceu 10,52% no Sudeste
A análise do indicador por região mostra que a inadimplência avançou de forma generalizada. Apenas no Sudeste o aumento foi de 10,52% na quantidade de devedores. Em segundo lugar ficou a região Norte, com alta de 3,76%, seguida do Nordeste (3,22%), Sul (2,67%) e Centro-Oeste (1,87%). De acordo com a estimativa, proporcionalmente, a região que concentra o maior número de inadimplentes é o Norte: 49% da sua população adulta está com o CPF restrito, o que representa 5,9 milhões de consumidores negativados.

A segunda região mais inadimplente é o Nordeste, que tem 43% dos adultos com contas em atraso ou 17,4 milhões de consumidores com restrições ao crédito. No Centro-Oeste são 5 milhões de inadimplentes (42% da população adulta local), no Sudeste há um total de 26,1 milhões de negativados (39% dos residentes acima de 18 anos) e no Sul, aproximadamente 8,5 milhões de pessoas com pendências financeiras (37% da população adulta).

consumidor temprarioInadimplência cresce mais entre idosos
O indicador ainda revela que é entre a população mais velha que se observa o aumento mais acentuado da inadimplência. Na comparação entre agosto de 2018 com agosto de 2017, aumentou em 9,56% a quantidade de inadimplentes com idade de 65 a 84 anos. Considerando apenas os brasileiros de 50 a 64 anos, a alta foi de 6,26%, enquanto na população de 40 a 49 anos, houve um aumento de 4,77% no número de negativados. Entre os consumidores de 30 a 39 anos, a alta da inadimplência foi de 1,69% em agosto.

A inadimplência apresentou queda somente entre os mais jovens. Considerando a população de 18 a 24 anos, houve um recuo considerável de -23,20%, ao passo que entre os brasileiros de 25 a 29 anos, a queda foi de -5,63%. Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o comportamento distinto entre as faixas etárias é reflexo da entrada tardia dos jovens no mercado de trabalho e também da permanência prolongada dos idosos como força produtiva do país.

inadimplência-no-brasil-cresce-em-2016 temprario“Fora do mercado de trabalho pelas mais diversas razões, seja estudo, desemprego ou por opção, muitos desses brasileiros acabam ficando também fora do mercado de crédito, reduzindo o contingente de potenciais inadimplentes. Já entre os idosos, que estão permanecendo por mais tempo no mercado de trabalho, a renda mais curta nessa faixa etária e o aumento expressivo de gastos com saúde, por exemplo, podem desajustar o orçamento”, analisa Pellizzaro Junior.

Em números absolutos, a maior parte dos inadimplentes está compreendida na faixa dos 30 aos 39 anos: são 17,9 milhões de pessoas nesse momento da vida que não conseguem honrar seus compromissos financeiros. Considerando a população de 40 a 49 anos, são 14,1 milhões de inadimplentes e outros 13 milhões que possuem de 50 a 64 anos. Na população idosa, que vai dos 65 aos 84 anos, são 5,4 milhões que estão com o CPF restrito. Na população mais jovem, os números também são expressivos: 7,8 milhões de inadimplentes com idade de 25 a 29 anos e 4,5 milhões com contas atrasadas que têm de 18 a 24 anos (CNDL/SPC Brasil).

Porcentual de famílias inadimplentes atinge a maior taxa desde maio de 2012

cresce-o-numero-de-fa temprarioA proporção de famílias paulistanas endividadas subiu pelo segundo mês consecutivo, ao passar de 51,2% em julho para 53,6% em agosto. Isso significa que 2,1 milhões de famílias da capital tinham algum tipo de dívida. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o endividamento ficou tecnicamente estável (53,4%). Os dados são da pesquisa realizada mensalmente pela FecomercioSP.

A taxa de inadimplência, ou seja, a proporção de famílias que não conseguiram quitar suas dívidas até a data de vencimento, também registrou alta, passando de 19,6% em julho para os atuais 20,4%, o maior patamar desde maio de 2012 (21,5%). Atualmente, são 797 mil famílias nessa situação. A diferença para 2012 é que, naquele período, a alta foi algo pontual e a inadimplência ficou pouco acima de 20% por dois meses, mas voltou logo a um patamar mais adequado. No caso atual, a inadimplência permanece acima dos 19% desde março.

Além disso, a parcela de famílias que já dizem que não conseguirão pagar as contas em atraso no próximo mês e, portanto, permanecerão inadimplentes, atingiu 9,6%, maior nível desde agosto de 2004. De acordo com o levantamento, 376 mil famílias estão nesta situação. Em relação ao tempo médio de comprometimento da renda com as dívidas, a maior parcela está no longo prazo, acima de um ano, com 35,1%. Ao todo, 22,5% estão com dívida de até três meses; 20,1% de três a seis meses; e 20,2% de seis meses até um ano.

Na segmentação por faixa de renda, a proporção de famílias endividadas com renda inferior a dez salários mínimos (SM) avançou de 54,8% em julho para 56,9% em agosto. Em relação à inadimplência, a situação é mais complicada, já que 25,7% das famílias não conseguiram pagar a dívida até a data do vencimento e 12,4% declararam não ter condições de pagar as contas em atraso no próximo mês. Em ambos os casos, trata-se do maior nível desde o início da série histórica, em 2010.

No grupo de famílias com renda superior a dez SM, a tendência também foi de aumento, mas em níveis mais adequados, segundo aponta a FecomercioSP. O endividamento passou de 40,6% para 43,9%; a inadimplência, de 7,4% para 7,7%; e a não condição de quitar a dívida passou de 2,8% para 3,4%.

De acordo com a Entidade, além do ritmo mais fraco da atividade econômica e do desemprego elevado, as famílias também podem ter gastado um pouco a mais nas férias de julho e dificultado o controle do orçamento doméstico para o mês de agosto. A pesquisa mostra claramente a dificuldade das famílias, em destaque as de renda mais baixa, neste momento de instabilidade econômica e política.

Não há no curto prazo, indicação de que o quadro mude. Isso porque para a inadimplência cair de forma mais significativa, é essencial a retomada da geração de emprego, o que não está acontecendo pelas faltas de confiança e previsibilidade para os investimentos. Adicionalmente, os bancos monitorando todos esses riscos – desemprego e inadimplência – limitam a oferta de crédito e buscam a negociação dos débitos antigos, de forma que as taxas não saiam de um controle, acrescenta a Federação.

O cartão de crédito segue como o principal tipo de dívida, com 71,7%, pouco abaixo dos 73,2% do mês anterior. Na segunda posição, está o carnê com 14,2%, seguido de financiamento de casa com 12% e financiamento de carro com 11,7% (AI/FecomercioSP).