Valter Casarin (*)
A crise de fornecimento de água parece caminhar para um problema sério em nosso planeta.
A previsão da ONU é que, para o ano de 2025, um terço da população seja afetada pelo estresse hídrico, e isto não está longe de acontecer caso a atual situação não melhore. O estresse hídrico é uma situação crítica que surge quando os recursos naturais disponíveis são menores do que a demanda por ele. O crescimento da população mundial e do setor industrial colocam uma grande pressão sobre a disponibilidade de água, destacando a interferência humana como um dos principais fatores para que esse estresse ocorra.
Outros fatores têm contribuído para o estresse hídrico, como o desperdício de água devido às mudanças nos padrões de consumo, mudanças climáticas (secas, ondas de calor, inundações, etc), desmatamento e aquecimento global, levando a emissão de gases de efeito estufa. As áreas afetadas pela presença do estresse hídrico já estão se tornando um problema de saúde pública, afetando significativamente a economia e a política.
As plantas são afetadas consideravelmente pelo estresse hídrico, tendo como consequência a diminuição no crescimento e redução na produção de alimentos.
Segundo a definição dada pelos biólogos, o estresse hídrico nas plantas é quando essas são colocadas em condições ambientais onde a quantidade de água transpirada pela planta é maior do que a quantidade que ela absorve. Em nosso país, este cenário é característico principalmente em períodos de seca.
A água é essencial para as plantas em todos os níveis. No nível molecular, a água atua como uma matriz para todas as reações enzimáticas na fase fotoquímica da fotossíntese fornecendo hidrogênio e oxigênio. No celular, a água tem um impacto direto na arquitetura dos órgãos e em seu alongamento.
Finalmente, no nível da planta, permite a assimilação dos nutrientes presentes no solo, e a sua migração para a parte aérea da planta, ao mesmo tempo que garante a regulação térmica dos tecidos expostos ao sol. Consequentemente, um déficit hídrico prolongado altera os componentes da produção. E os efeitos negativos do estresse hídrico nas culturas agrícolas podem ser vários, como:
• O número de flores e, portanto, o número de frutos e sementes produzidos, resultando em uma diminuição na produção agrícola;
• Ocorre a redução no tamanho do fruto e sementes, levando novamente a uma queda na produção agrícola;
• As plantas ficam mais sensíveis ao ataque de pragas e doenças, ocorrendo significativas perdas de qualidade do produto colhido, tornando inadequados para o mercado;
• Com o desenvolvimento reduzido do sistema radicular e a falta de água no solo, o aproveitamento do fertilizante aplicado é muito baixo, afetando consideravelmente a nutrição da planta.
A tolerância ao estresse hídrico é diferente entre as culturas, por exemplo, o tomate é mais tolerante que o pimentão e o pepino. Algumas plantas alteram seus processos fisiológicos para conservar a água, enquanto continuam a crescer. Embora essa adaptação permita que algumas culturas tolerantes sobrevivam, onde outras culturas teriam sofrido danos irreparáveis, o estresse hídrico prolongado, no entanto, afeta a produtividade, pois custa muita energia à cultura.
Mais do que qualquer outro tipo de estresse, o hídrico afeta principalmente o crescimento e a produtividade da planta, bem como a qualidade dos frutos produzidos. Em reação a ele, este último item pode desenvolver estratégias de controle para reiniciar seu crescimento e aumentar seu potencial de produtividade, por exemplo, promovendo o desenvolvimento de novas raízes, muitas vezes em uma área próxima à superfície, a fim de absorver mais água.
A iniciativa Nutrientes Para Vida (NPV), tem como missão destacar e informar a população a respeito da relevância dos fertilizantes para o aumento da qualidade e segurança da produção alimentar, mediante o uso da quantidade adequada de nutrientes no cultivo dos alimentos e, consequentemente, proporcionando a melhoria da nutrição e saúde humanas.
(*) – É Coordenador Científico NPV (www.nutrientesparaavida.org.br).