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Pitch de vendas: não force a barra

em Economia da Criatividade
quinta-feira, 02 de março de 2023

Olá, amigo empreendedor.

Escrevo esse texto depois de uma experiência interessante e intensa que tive durante o final de semana. Fui a uma feira de negócios virtual para artistas, managers e outros profissionais da indústria do entretenimento. Passei três dias absorvendo conteúdo sobre o mercado, conhecendo empresas e pessoas que fornecem serviços interessantes, aprendendo sobre as últimas inovações, etc. Estou com a cabeça a mil, feliz com os novos contatos e ideias, mas fisicamente e mentalmente exausto.

Pense na última vez que você foi a um evento desse tipo. Pense em como foi a preparação, o durante e o depois. Você se reconhece nessa descrição acima? Pois é. Eventos de networking tem uma premissa muito boa de fazer o mercado circular e isso realmente acontece na maioria das vezes. Mas esses eventos curiosamente tem um efeito esquisito na nossa energia logo depois. Uma espécie de ressaca.

Acho que um pouco disso vem do alto nível de ansiedade compartilhada que toma conta desses eventos. 70% das pessoas que vai a um encontro desse tipo está desesperada para vender alguma coisa, e apresenta seu produto/serviço com esse mesmo desespero. Num evento presencial, você pode identificar essa pessoa andando de um lado para o outro com os olhos esbugalhados e uma pasta ou tablet na mão. Se você dá sorte de cruzar com ela, você vai passar 1 minuto ouvindo um pitch decorado e outros 5 minutos tentando achar um pretexto para mudar de assunto ou finalizar a conversa.

No evento virtual, essa pessoa é aquela que inunda o chat do zoom com endereços de email, arrobas de redes sociais e links que ninguém vai clicar, interrompendo o fluxo de uma conversa que poderia ter sido muito interessante entre quem realmente estava prestando atenção no conteúdo do evento.

Todos nos identificamos com a necessidade de vender algo, mas existe um jeito de vender, e desespero não vende nem barra de ouro. Pitch é uma coisa boa, mas saber conversar é melhor. Metas de venda são importantes, mas se você vai pra um evento desse tipo empurrando discurso de venda no ouvido dos outros você não vai vender nada. Pelo contrário, vai deixar todo mundo irritado, exausto e vai causar uma péssima impressão. Como aquele anúncio que interrompe pela milionésima vez o vídeo que você estava tentando assistir no YouTube. Se você é essa pessoa, reavalie seu método de vendas, para o bem do seu negócio, para o bem dos eventos que você vai, e pela saúde do mercado.

César Munhoz é artista, comunicador e produtor de ativos de entretenimento para projetos no em 3 continentes. Mestre em Entertainment Business pela Full Sail University, com formação em Jornalismo, Publicidade e Cinema pela UTP, Planejamento de Comunicação Integrada pela FAO, Sound Design pela Escola São Paulo de Economia Criativa e Escuela Sonica Buenos Aires. Apresenta a websérie “Arte, Entretenimento e Conexões” nos canais da Full Sail Brazil Community.cesarmunhoz.com