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Por que algumas empresas de venda consignada quebram?

em Destaques
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Eduardo Xavier (*)

É comum encontrar estórias sobre empresas de consignação que se iniciam com exemplos de vendedores muitos organizados, que geram resultados expressivos de vendas e entram em desalinhamento com suas empresas ou mesmo um colaborador da área administrativa que, após muitos anos participando da empresa, decide sair e empreender a sua própria jornada.

Entretanto, há aqueles casos mais caóticos, onde acontece uma crise comercial – a exemplo, situações como inadimplência e/ou mesmo o cancelamento de um grande por parte de um cliente – fazendo encalhar produtos sem vendas no estoque. Não menos, crises macroeconômicas, como governos desastrados que assolam a economia, geram desempregos e deixam as pessoas na mão.

Algumas pessoas que vivem circunstâncias assim acabam revolucionando suas vidas, independentemente se for na indústria de venda consignada, venda porta a porta ou qualquer outro tipo de indústria: elas respondem ao contexto e buscam uma saída proativa para suas vidas. Recentemente, li e aprendi uma comparação muito interessante. Abrir uma empresa é como dar um grito de independência de um País. Não tem grande diferença nesses atos.

O IBGE apresentou uma pesquisa mostrando que 277,2 mil empresas nasceram em 2010 e 37,8% delas conseguiram se manter somente até 2015. E, mesmo antes da crise econômica causada pela pandemia, mais de 70% das empresas fundadas no Brasil fechavam as portas em menos de dez anos de atividade. Quando uma empresa quebra, alguns aspectos se tornam evidentes:

. Empresas não controlam custos;
. Falham com seus clientes;
. Trazem produtos e serviços errados ao mercado;
. Não tratam riscos.

Trabalhar com revendedoras sacoleiras através da venda consignada parece um processo fácil, mas um dos principais fatores sobre erros é quando o empreendedor não se precavi em relação a riscos. E quais são esses riscos? Desafogar-se das tantas funções torna-se a principal meta do empreendedor. Porém, pensar assim exige de você atitudes e posturas de cunho empresarial. Em consequência, desenhar sua organização.

E isso é sobre envolver outras pessoas, organizar o trabalho afim de cumprir uma estratégia e atingir objetivos. Toda empresa bem administrada deverá garantir que uma excelente experiência para clientes e também para seus colaboradores. Não tenha dúvida disso. E só em refletir sobre o assunto, o que irá exigir atenção em aspectos formais (por exemplo, políticas) e informais (por exemplo, o que é uma fofoca?) da organização.

E aí, quando se perceber, pensará menos na operação e mais em aspectos de planejamento e propósito (individual – em relação A sua vida, e de grupo, em analogia à sua empresa). Uma vez que você decidiu investir numa empresa, você vai ter que criar hábitos de planejamentos que não são apenas no âmbito operacional, de vender, de decidir simplesmente qual praça ir etc.

Planejar é decidir antecipadamente, organizar e enxergar opções. Também é sobre construir uma forma de controlar possíveis resultados. O que não significa que você terá de criar planos extensos, super detalhados e enrijecidos. Mas ter um desenho organizacional, com estrutura e apoio, vai exigir de você muito mais preparo e um planejamento empresarial que explorará três níveis de decisões importantes:

  1. Decisão estratégica – É sobre a criação de consistência entre objetivos e recursos: o ambiente empresarial, os produtos que vai usar (roupas ou joias consignadas, entre outros), mercado de atuação (onde vai comprar, vender e encontrar pessoas pra te ajudar), tecnologia (equipamentos, telefonia, um sistema de venda consignada para gestão), relacionamento com funcionários e fornecedores e região de operação e assim por diante.
  2. Decisão tática – Diz respeito em como você vai organizar recursos para obter desempenho máximo, sua estrutura organizacional ou como vai obter recursos financeiros e de pessoas; suas ações contra riscos etc.
  3. Decisão Operacional – As decisões operacionais são ligadas a objetivos e metas, como preços a ser praticado, que tecnologia usar, produtos que serão vendidos, à política de estoque, gerenciamento de equipes, entre outros.

Muitas empresas de venda consignada iniciam suas estórias por causa de crises econômicas, comerciais ou mesmo porque as pessoas ganham experiências e decidem empreender na área.

Apesar dos empreendedores começarem seus negócios com muita energia, as estatísticas mostram que muitas empresas quebram e que 70% quebram num prazo de 10 anos, e os 30% de empresas que duraram após os primeiros 10 anos certamente foram empresas que não erraram em deixar de controlar custos, falhar com clientes, contratar serviços errados ou ruins e, principalmente, não deixaram de tratar os riscos, pois a todo momento, estiveram tomando decisões para gerar consistência entre seus objetivos, recursos e resultados.

Além disso, elas revisaram sua organização para desempenho máximo, já que atualmente a ação de trabalhar vem atrelada à tecnologia. Por isso, deixo a minha dica final: empresas que fazem venda consignada por revendedoras precisam de um excelente sistema de venda consignada.

(*) – É CEO da Revendus, atuante no mercado de Sistemas de Informação com foco em logística (https://www.revendus.com.br/).