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Negar os aspectos positivos da agenda ESG pode afetar o mercado de telecom

em Destaques
segunda-feira, 13 de março de 2023

Depois de um período marcado por aumento de preços, elevação do custo de vida, fusões e aquisições, o setor de telecomunicações precisa definir novas prioridades e atuar de forma mais estratégica e atualizada às novas demandas de mercado, principalmente no que se refere à transformação digital, sustentabilidade e diversidade e inclusão da força de trabalho, além de atração e retenção de novos talentos.

Os consumidores estão mais exigentes: com o serviço e com o bolso. Das famílias entrevistadas, 45% acreditam que estão pagando além do que deveriam por conteúdos que, na realidade, não assistem e 44% não consideram que as operadoras oferecem a melhor opção de pacote em custo-benefício. Além disso, 33% planejam reduzir os gastos com esses serviços e direcionar esse investimento para experiências fora de casa. É a pandemia ressignificando prioridades.

Do lado das empresas, surgem oportunidades e pontos de atenção, como indica levantamento feito pela EY, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo, que identificou os principais riscos para o setor de telecomunicações em 2023 e como as empresas podem mitigá-los. São eles:

  1. – Resposta das telcos ao custo de vida elevado – Estudo global da EY, Global Decoding the Digital Home, aponta, além dos dados citados, que 60% das famílias estão preocupadas com possível reajuste da mensalidade da banda larga.
  2. – Cibersegurança – As ameaças cibernéticas estão entre os riscos identificados, considerando o contexto de ataques mais frequentes às organizações. O Global Decoding the Digital Home revela que 46% dos consumidores acreditam que é impossível manter seus dados completamente seguros ao usar a internet.

Enquanto isso, a EY Global Information Security Survey 2021 indica que 39% dos diretores de segurança da informação (CISOs) de telecomunicações acreditam que os aspectos de segurança não são adequadamente considerados nos investimentos estratégicos.

“Um ponto importante de cibersegurança é como proteger as informações dos clientes em conformidade com as melhores práticas mencionadas na legislação vigente, especialmente na LGPD. Além disso, em um cenário onde existirá um aumento exponencial dos dados, as empresas de telecom estão buscando caminhos para utiliza-los, respeitando os direitos dos titulares”, afirma José Ronaldo Rocha, sócio e líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT) da EY para América Latina.

  1. – Cultura e formas de trabalho – Há um descompasso entre patrões e empregados. Enquanto 91% dos funcionários de Tecnologia, Mídia e Entretenimento e Telecomunicações (TMT) desejam trabalhar remotamente por dois ou mais dias por semana, 25% dos empregadores de TMT acreditam que o trabalho deve ser integralmente presencial, segundo a EY 2022 Work Reimagined Survey.

As empresas do setor precisam realmente ouvir esse desejo e se adaptar à nova realidade ou correm o risco de perder talentos.

  1. – Má gestão de agenda ESG – O estudo mostra que é necessário prestar atenção à agenda ESG com urgência. Quase quatro em cada dez consumidores dizem que as operadoras precisam fazer mais para endereçar questões de sustentabilidade. Segundo o Barômetro Global de Divulgação de Riscos Climáticos da EY, a qualidade das divulgações de mudanças climáticas das empresas de telecomunicações piorou nos últimos anos.

Além disso, segundo o EY Reimagining Industry Futures Study 2022, 39% das empresas de telecomunicações não divulgam estratégia específica sobre plano de transição ou caminho de descarbonização e 47% das grandes empresas não acham que as ofertas de 5G e IoT do fornecedor atendam adequadamente às suas necessidades de sustentabilidade.

Segundo o executivo da EY, “falta ao mercado de telecom explorar mais as iniciativas ESG, como o avanço socioeconômico proporcionado pela pela introdução de novas tecnologias (chegada do 5G) e amplianção da infraestrutura de em locais fora dos grandes centros. Há toda uma agenda positiva para a sociedade trazida pelo setor por meio desses investimentos e contrapartidas”.

  1. – Falta de eficiência e agilidade no uso da tecnologia – O EY Tech Horizon Study elencou as cinco principais barreiras de dados e tecnologia para a transformação das empresas de telecomunicações. São elas: alto custo de infraestrutura de tecnologia (39%), requisitos complexos de segurança e privacidade (34%), complexidade na integração de vários sistemas (22%), dados complexos (20%) e complexidade em gerenciar parcerias corporativas (20%).
  2. – Falta de confiabilidade na rede e infraestrutura – A confiabilidade da rede continua sendo um ponto problemático para os clientes, como mostra o EY Global Decoding the Digital Home Study, que revela que 28% das residências frequentemente experimentam uma conexão de banda larga não confiável. O desafio para as operadoras é agravado pelo aumento do uso de dados.
  3. – Incapacidade de aproveitar novos modelos de negócios – Há um desalinhamento entre as novas ofertas das empresas de telecomunicações e aquilo que os clientes corporativos estão procurando, principalmente em domínios de serviços emergentes, a exemplo de rede como serviço. Além disso, a proporção de receitas provenientes de ofertas de maior crescimento, como IoT e nuvem, permanece pequena.
  4. – Falha em maximizar o valor dos ativos de infraestrutura – O esforço das empresas de telecomunicações para desvendar o valor da infraestrutura está ganhando ritmo. Elas estão usando desinvestimentos, divisões e joint ventures para reconfigurar os modelos de propriedade de vários tipos de infraestrutura.
  5. – Envolvimento ineficaz com ecossistemas externos – O cenário da infraestrutura de rede está cada vez mais fluido. Vários países impuseram restrições a fornecedores de alto risco, e os avanços tecnológicos estimularam a entrada de fornecedores de rede centrados em software. Há também uma demanda crescente por redes 5G privadas, com empresas buscando ativamente fornecedores com relações relevantes com o ecossistema.

Todos esses desenvolvimentos exigem que as empresas de telecomunicações aumentem a colaboração externa. No entanto, o envolvimento do ecossistema ainda não é fundamental para suas estratégias, com apenas 11% acreditando nas múltiplas parcerias como essenciais para novos modelos de negócios.

  1. – Incapacidade de se adaptarem ao cenário regulatório em mudança – As empresas precisam de mais estratégia e velocidade para acompanhar as prioridades regulatórias que mudam conforme a pandemia, a crise do custo de vida, os fatores geopolíticos, as considerações de sustentabilidade e as preocupações com a segurança online se combinam. O foco deve estar na reformulação inteligente das cadeias de suprimentos, no combate à exclusão digital e no suporte a clientes vulneráveis. – Fonte e mais informações, acesse: (https://ey.com).