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Caso PwC-Evergrande: lições sobre responsabilidade no mercado financeiro

em Denise Debiasi
segunda-feira, 07 de abril de 2025

Tenho acompanhado de perto o desenrolar do caso PwC na China, e preciso compartilhar com você uma reflexão importante sobre responsabilidade e consequências no mundo corporativo.

A punição aplicada à PwC pelo governo chinês – uma multa de 441 milhões de iuanes (aproximadamente 62 milhões de dólares), e a suspensão de atividades por seis meses – representa um marco significativo na supervisão das empresas de auditoria. O caso revela uma falha sistêmica que vai além de simples erros técnicos.

A dimensão deste caso merece nossa atenção. Durante 14 anos, a PwC conduziu as auditorias da Evergrande Group, período em que uma fraude de 78 bilhões de dólares aconteceu entre 2019 e 2020. A investigação da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China revelou um cenário alarmante: 88% dos registros sobre projetos imobiliários eram inconsistentes com a realidade.

Você pode dimensionar a gravidade quando consideramos que propriedades registradas como “prontas para entrega” eram, na verdade, terrenos vazios? Este não é apenas um erro técnico – representa uma falha sistêmica na verificação de ativos reais.

As consequências para a PwC extrapolam a penalidade financeira. A proibição de aceitar novos clientes estatais ou listados em bolsa por três anos provocou um efeito dominó: mais de 50 empresas chinesas cancelaram seus contratos com a consultoria.

Para você que atua no mercado financeiro, este caso estabelece um precedente significativo. As empresas de auditoria, tradicionalmente vistas como guardiãs da confiança do mercado, estão sob escrutínio intensificado. A mensagem dos reguladores é inequívoca: a negligência tem um preço alto.

Como especialista em integridade corporativa, observo que este caso redefine os parâmetros de responsabilização no setor de auditoria. A supervisão rigorosa e punições proporcionais ao dano causado não são mais exceção – tornaram-se a regra.

A lição permanece atual: nenhuma organização está imune às consequências de falhas em seus processos de verificação. Para o mercado funcionar adequadamente, cada ator deve exercer seu papel com o máximo rigor e comprometimento com a verdade.

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Denise Debiasi é CEO da Bi2 Partners (conheça melhor aqui), reconhecida pela expertise e reputação de seus profissionais nas áreas de investigações globais e inteligência estratégica, governança e finanças corporativas (saiba mais), conformidade com leis nacionais e internacionais de combate à corrupção (saiba mais), antissuborno e antilavagem de dinheiro, arbitragem e suporte a litígios (saiba mais), entre outros serviços de primeira importância em mercados emergentes.