São muitas as ofertas de roupas hoje em dia. Porém, o processo de construção do tecido sobre o corpo já foi 100% artesanal, em que era possível participara das decisões dos alfaiates sobre como preencher cada curva de nossa silhueta.
O modelo em que a indústria de moda opera hoje é conhecido como fast-fashion. Moda rápida, em português, sobre a velocidade em que viaja a informação (do que se vê nas passarelas) até os muitos produtos nos quais essas imagens se multiplicam em vitrines do mundo todo _incluindo cópias e falsificações. Por um tempo acreditou-se na ideia de que produzir roupas em larga escala seria uma saída para conseguir preços mais baixos e então oferecer uma suposta democratização da moda. O que aconteceu de fato foi a precarização de trabalhos em países subdesenvolvidos, que pagavam com a vida e a saúde de sua população em nome da globalização.
Já faz um tempo que essa mesma indústria acordou para suas responsabilidades, e passou a incluir na conta os déficits sociais e ambientais, que não são poucos. Uma roupa não pode custar tão barato, sem que alguém saia prejudicado. Para dificultar, algumas empresas ainda usam isso superficialmente, apenas como marketing, sem apresentar alguma resposta concreta a alguns dos entraves mais comuns, como pagamento justo pela mão-de-obra, integração dos elos da cadeia de modo mais harmônico e usar materiais sustentáveis que não poluam na sua fabricação nem no seu descarte.
Com isso, espera-se que também mudemos a nossa relação com roupas e consumo. Precisamos todos de roupas e de reposições constantes, porém cabe a nós também agora conhecer de quem compramos, pesquisar sobre o histórico de cuidados que foram tomados, das relações que uma marca cria com a sua com a comunidade em sua volta. Não é necessário também que seja uma troca de peças tão frequente, por isso é que vale a pena avaliar os preços médios e que ofereçam algo de qualidade e mais durável.
Um guarda-roupa conciso, versátil e inteligente funciona por anos com pouquíssimas aquisições sazonais. Roupas de segunda mão em brechós, grupos online de troca, revitalização de peças antigas que estão parados no guarda-roupa também são outra maneira de diminuir a quantidade de lixo no mundo. E de fazer a moda um ambiente mais acolhedor e conectado com suas raízes.