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Mais prejuízos no futuro da Petrobras

em Artigos
segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Reginaldo Gonçalves (*)

O recente corte de investimentos da Petrobras até 2016 poderá refletir nos anos posteriores, principalmente os relacionados à exploração, na ordem de US$ 11 bilhões.

O mercado fala em dependência do mercado externo – o que inicialmente poderá representar uma minimização da pressão sobre o caixa da empresa, deteriorado pelo endividamento, principalmente em moeda estrangeira e a desvalorização do real. A concentração da atividade somente na extração dos poços já explorados poderá levar à exaustão e à necessidade de exploração de outras unidades de negócio, o que será limitado pela redução de investimentos na busca dessas oportunidades.

A redução do valor do barril no mercado exterior, com preço US$ 51,92 (Brend Petróleo Bruto) e US$ 48,53 (WTI Petróleo Bruto) em 07 de outubro ultimo, desestimula as operações do pré-sal em virtude dos altos custos em sua produção que gira em torno de US$ 41 a US$ 57 por barril. A queda do barril de petróleo deve-se a uma produção maior no mercado internacional e uma retração no consumo decorrente da situação econômica lá fora.

A situação da Petrobras, com alto endividamento em moeda estrangeira, investimentos paralisados pela operação Lava Jato e a busca de caixa emergencial para sanar as necessidades de caixa no curto prazo vêm pressionando o estoque de dívida e a necessidade de busca de novas alternativas para melhoria do caixa. O recente cancelamento da emissão de debêntures no valor de R$ 3 bilhões em debentures, que já havia sido aprovado pela CVM com objetivo de investir em gás e petróleo, mostra que a própria empresa considerou que este não seria um bom momento para a captação de recursos, mesmo diversificando o perfil da dívida.

A dívida de US$ 130 bilhões poderá pressionar ainda mais o resultado da empresa no terceiro trimestre. Com a necessidade de caixa e mesmo com a postergação de captação de recursos via debêntures, a Petrobras efetuou uma operação de venda de duas plataformas para o Banco Chinês (ICBC). Mas a locação delas será de aproximadamente US$ 2 bilhões.

A saída de Murilo Ferreira por divergências com Bendine, o homem do plano de negócios, em virtude da perspectiva de abrir alternativas para as empresas envolvidas nas operações Lava-Jato, além da venda de participações acionárias, levou a discussões que, embora para o mercado aparentemente seria um afastamento decorrente de divergências particulares, aconteceram por conta da postura relacionada a abrir as portas para empresas ainda investigadas nos escândalos recentes e desmoralização da atual equipe participante do conselho de administração.

Infelizmente esse afastamento que, acredita-se, não terá retorno, deixa de certa forma Bendine em situação de saia justa e certamente prejudica uma visão estratégica e futura de negócios, já que a empresa esta produzindo planos emergenciais no curto prazo e não apresenta estrategicamente oportunidades futuras e alternativas que poderiam melhorar a visão inclusive dos investidores que vêem a empresa de forma cética.

O que está sendo observado é que o mercado espera com ansiedade a publicação das demonstrações financeiras relativas ao terceiro trimester deste ano. Mas tudo indica que não será favorável, já que o governo, de forma indireta, ainda exerce influência significativa no comando da organização, descapitalizada pela má gestão dos recursos e desimobilização do seu patrimônio, com a venda e com a locação das plataformas, gerando para o governo brasileiro uma mãozinha na Balança Comercial, já que as plataformas foram vendidas para a China, mas, não saiu do local de exploração no Brasil.

(*) – É coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina – FASM.