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Apagão da Microsoft: como evitar perdas de dados corporativos?

em Destaques
sexta-feira, 26 de julho de 2024

Glaucia Vieira (*)

Tela azul. Foi com essa cena que muitos profissionais se depararam em seus aparelhos Microsoft na manhã de sexta-feira, último dia 19, após falhas nos sistemas de segurança da empresa norte-americana CrowdStrike, a qual provê serviços de proteção de dados relacionados à computação em nuvem para essa e muitas outras organizações mundiais.

Problemas deste tipo podem, infelizmente, acometer negócios dos mais diversos portes e segmentos, o que ressalta a importância de investir em soluções seguras que cuidem dos dados corporativos e minimizem os riscos que possam decorrer dessas falhas ou invasões hackers.

Segundo a dona do Windows, uma das empresas mais afetadas por esse apagão tecnológico, o problema aconteceu em seu software cloud Azure, o qual usa a ferramenta da norte-americana conhecida como Falcon. Com a falha, seus serviços foram interrompidos, afetando, diretamente, grandes informações que estavam hospedadas neste sistema em nuvem, os quais podem incluir dados referentes a seus clientes, por exemplo.

Apesar de ser sido resolvido em poucas horas, certos resquícios residuais permanecerem em alguns servidores, o que evidencia os dois lados da moeda do sistema cloud para o mercado.

Diante da intensa e constante digitalização corporativa, o mercado cloud vem crescendo a níveis positivos em prol da maior segurança e otimização da gestão de informações. Em dados da McKinsey, como prova dessa importância, a computação em nuvem pode gerar até US$ 3 trilhões com a redução e otimização de custos e contribuir com a geração de novos modelos de negócios até 2030.

Fatores como agilidade, eficiência, melhor custo-benefício e, principalmente, a segurança, tem feito com que, cada vez mais, as organizações compreendam a importância de estabelecer a gestão em cloud. Não é à toa, temos grandes players de mercados consolidados nessa modalidade, que exploram cada vez mais suas funcionalidades na prestação de serviços.

Por outro lado, mesmo com uma ampla conscientização no mercado, é fundamental acender o alerta da importância de considerar uma série de aspectos antes de escolher o provedor, a fim de evitar uma contratação equivocada. Afinal, não são poucos os casos de empresas deste serviço tentando convencer seus clientes de que possuem a melhor oferta quando, na verdade, não têm qualquer tipo de especialização e conhecimento necessários para isso.

Essa realidade tem feito com que, infelizmente, muitos usuários se enganem e tenham uma experiência catastrófica na utilização do serviço, potencializando a maiores chances de riscos para o negócio. Sendo assim, mais do que olhar o preço, na hora de escolher o provedor em cloud, é importante se atentar para alguns aspectos. Veja sete deles:

  1. – Propriedade e controle – É comum que, para “fisgar” o cliente, algumas empresas ofereçam o total manuseio das operações. Mas, é importante questionar: isso é realmente vantajoso ou oportunista? Afinal, a ideia de contratar um servidor em nuvem é ter o apoio no gerenciamento e manutenção da nuvem, otimizando o tempo da equipe e garantindo a segurança.
  2. – Gerenciamento e backup – Complementando o tópico anterior, é necessário avaliar se a provedora possui um time direcionado na gestão da nuvem, garantindo a continuidade das operações diariamente. Além disso, é crucial averiguar qual a frequência em que é feito o backup, a fim de garantir a segurança e proteção dos dados.
  3. – Escalabilidade e flexibilidade – Esse é um aspecto que precisa de muita atenção, afinal, a utilização da nuvem se torna atrativa para muitos, pois existe a opção de pagar apenas pelo aquilo que usa. No entanto, na eventual necessidade de aumento de capacidade, a empresa consegue garantir? É essencial checar se o serviço prestado não se trata de um Data Center, que exige um ponto físico e demanda um alto custo para expansão.
  4. – Preço – Este tópico é algo sensível nas corporações, que estão sempre na busca pelo melhor custo-benefício. Entretanto, é importante avaliar se o valor envolvido leva em conta todas as conformidades regulatórias, bem como ponderar no caso de uma nuvem estrangeira, se a precificação não está de acordo com a moeda da sua matriz, de forma que, quando convertida para o Brasil, possua algum tipo de diferenciação.
  5. – Localização geográfica – Qual a origem da nuvem? Por ser uma tecnologia que independe de um ponto físico, ela pode operar a partir de diversos lugares. Por isso, é importante solicitar a demonstração do seu desempenho, para conferir questões como a velocidade, latência e transição.
  6. – Integração e compatibilidade – Cada empresa possui o seu software. Deste modo, é preciso garantir que a nuvem tenha capacidade de integração com a ferramenta, bem como, em uma eventual troca de sistemas, tenha a capacidade de se adequar e exportar os dados com alta efetividade.
  7. – Histórico e reputação – Pesquise sobre a marca. É essencial verificar se a provedora tem, de fato, experiência na prestação de serviço, qual a sua avaliação no mercado e referências de projetos anteriores de sucesso.

Atualmente, vivemos o chamado “canibalismo empresarial”, que é quando um grupo de empresas concorrentes começam a adotar práticas não éticas e, nessa competição, vale tudo, inclusive, a promessa da oferta de serviços abaixo do preço, o que, para o cliente, parece ser algo vantajoso, e faz com que deixe de olhar os aspectos técnicos extremamente importantes no ato de contratação.

Esse descuido no ato da escolha da nuvem pode ser revertido na maior exposição à riscos de segurança como, por exemplo, ciberataques, exposição de dados, interrupção das operações, entre tantos outros que podem comprometer o desempenho do negócio. Sendo assim, todo cuidado é essencial e, mais do que escolher uma opção atrativa, é preciso se atentar em comprovar se aquilo que é prometido será, de fato, cumprido.

As nuvens mostram que, para a tecnologia, o céu não é o limite. Entretanto, é essencial tomar cuidado com as tempestades que podem surgir quando o provedor não tem domínios do clima e passam uma previsão do tempo equivocada.

(*) – É sócia proprietária da G2 (https://g2tecnologia.com.br/).