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Robôs costureiros – uma nova fronteira

em Tecnologia
quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Empresas de tecnologia e de confecções, como Siemens e Levi’s, estão trabalhando em conjunto visando automatizar com o uso de robôs uma indústria de US$ 1,5 trilhões de dólares em que ainda há uso intensivo de mão de obra.

Vivaldo José Breternitz (*)

Com o uso de robôs pretende-se, entre outras coisas, trazer de volta para os Estados Unidos trabalhos executados em países como China, Bangladesh e outros; a ideia ganhou força durante a pandemia, quando cadeias de suprimentos complexas evidenciaram os riscos da dependência de fábricas distantes. Evidentemente, a possibilidade de maiores lucros e de ocupar a mão de obra local também são importantes

Muitos fabricantes de roupas hesitam em falar sobre a busca pela automação, já ela certamente gerará desemprego em países como aqueles – profissionais que desenvolveram técnicas para automatizar alguns processos de fabricação de jeans chegaram a receber ameaças de morte.

Mas os robôs ainda não estão prontos para assumir todas as tarefas nessa área: ao contrário do para-choques de um carro ou de uma garrafa de plástico, que mantém sua forma enquanto um robô os manuseia, os tecidos são flexíveis e tem uma grande variedade, espessuras e texturas; os robôs ainda não tem a mesma facilidade que as mãos humanas para tratar com esses fatores – eles estão melhorando, mas levará anos para que possam adquirir as habilidades necessárias à costura, disse a agência Reuters.

Cientes dessas dificuldades, pesquisadores estão buscando formas de ao menos reduzir parte das diferenças de custo entre as fábricas americanas e as estrangeiras que empregam mão de obra barata.

A Siemens vem trabalhando também com o Advanced Robotics for Manufacturing Institute, de Pittsburgh, instituição criada em 2017 e financiada pelo Departamento de Defesa, para se ter uma ideia da importância estratégica que os americanos dão ao assunto. O foco agora é, ao invés de ensinar os robôs a manusear tecidos, enrijecer o tecido com produtos químicos, de forma a que ele possa ser trabalhado pelos robôs; depois de pronta, a roupa é lavada para remover o agente endurecedor.

Existem outros esforços para automatizar as confecções, como por exemplo os desenvolvidos pela Software Automation, uma startup da Geórgia, que criou uma máquina que costura camisetas.

São mais passos no sentido do que alguns vem chamando de “desglobalização” e que deve tornar ainda mais difícil a vida dos trabalhadores não qualificados que vivem em países pobres.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.