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Com a alta dos juros, é hora de partir para a renda fixa?

em Artigos
terça-feira, 27 de julho de 2021

Ana Carolina Zogno (*)

Com a alta dos juros, será que é hora de partir para a renda fixa?

A taxa de juros no Brasil, que estava em queda desde 2016 e chegou a bater uma mínima histórica de 2% no ano passado, voltou a subir desde março de 2021. Em junho, a taxa Selic alcançou 4,25% e as projeções de analistas de mercado colocam a possibilidade desse índice subir ainda mais, possivelmente alcançando ao menos 6,5% ainda neste ano.

Alterações macro sempre influenciam as decisões de investimentos de grandes e pequenos investidores, justamente porque mudam diretamente a rentabilidade dos ativos para a renda fixa. Com alta de juros, há um aumento dos investimentos remunerados ao CDI, mas não apenas. O rendimento da poupança também acaba melhorando nesse cenário. Mas será que é tão simples assim? Subiu juro, hora de partir para a renda fixa?

Como tudo no mercado financeiro, não existe resposta mágica ou simples na hora de montar uma carteira de investimentos. Mesmo com os juros subindo, a taxa Selic ainda está longe do patamar duplo dígito que não vemos no Brasil desde 2017. Além disso, a previsão para a inflação é alta pelo menos até o fim do ano. Em relatório, a XP Investimentos disse esperar IPCA de 6,2% em 2021.

A alta da inflação vem por conta de pressões de custos sobre bens industriais e também por conta da crise hídrica no país, com anúncio do aumento da bandeira tarifária feito pela Aneel, que vai ter impacto no custo da energia elétrica. Assim, é preciso avaliar qual será o rendimento real da renda fixa quando a alta dos juros é comparada à alta da inflação.

Esses tipos de cálculos exigem cuidado e atenção, tanto do assessor financeiro quanto do investidor pessoa física. Para além das planilhas de Excel, hoje em dia é possível encontrar uma série de ferramentas que tornam esse cálculo mais simples e personalizado. Em nossas soluções, investidores e profissionais conseguem encontrar cálculos precisos sobre a rentabilidade dos títulos de renda fixa do mercado.

Mais do que mudar a alocação, o investidor precisa ter uma carteira diversificada. Assim, ativos de renda fixa têm o seu papel em uma carteira até mesmo dos investidores mais arrojados ou agressivos.

No cenário de alta de juros, conforme é esperado para os próximos meses, a tendência é que ativos pós-fixados, ou seja, aqueles atrelados à variação de um dia das taxas de juro básicas, tendem a se beneficiar. Ao mesmo tempo, uma carteira diversificada também se beneficia da existência de ativos que serão corrigidos por um índice inflacionário, por exemplo o IPCA.

Por conta da perspectiva de aumento da inflação, manter uma parte da carteira dedicada a ativos que sejam corrigidos pela inflação deve proteger o investidor dos efeitos da alta nos preços do consumidor nos próximos meses e os títulos de Renda Fixa com remuneração indexada ao IPCA (conhecidos como IPCA+) acabam se tornando também boas alternativas.

Já ativos pré-fixados, que não estão atrelados a nenhum indexador, acabam sendo mais atraentes quando há uma expectativa de baixa de juros. Apesar de não ser o caso, eles podem ser interessantes para investidores que buscam maior previsibilidade e, inclusive, podem ter rentabilidade maior do que pós-fixados, a depender dos juros e do prazo de vencimento.

Desse modo, vale a pena para o investidor conferir as possibilidades, avaliar as perspectivas de juros e inflação para os próximos anos e fazer seus investimentos tendo em mente uma carteira diversificada, mas coerente com o perfil de cada investidor.

(*) É CCSO (Chief Customer Success Officer) da Smartbrain (www.smartbrain.com.br).