Fábio Ieger (*)
O ponto de toda a questão que envolve as diferenças entre um fintech e uma instituição financeira tradicional é, em primeiro lugar, entender a estrutura bancária no Brasil.
Hoje, o mercado é praticamente dominado por cinco grandes nomes, com estruturas enormes e agencias físicas, que custam verdadeiras fortunas por mês. E quem paga essa conta, claro, é o correntista. Em contrapartida, temos as fintech que atuam a todo vapor, e possuem estruturas enxutas a aliada a uma tecnologia de ponta, o que acaba reduzindo, e muito, os custos operacionais. Só devido a esses fatores, já podem ser consideradas uma alternativa aos bancos.
Além de toda a novidade que trazem, seguem se reinventando e apresentando cada vez mais soluções para o dia a dia de seus usuários, o que é possível por conta de sua tecnologia e baixo custo, e por isso, conseguem ter preços muito mais competitivos. E é muito fácil e rápido abrir uma conta, basta acessar uma que mais lhe atenta, baixar o app e enviar as imagens solicitadas. Praticamente em cinco minutos, é possível já abrir a conta. Não precisa assinar mil folhas, sair de casa, dirigir, gastar combustível e tempo, o que em plena pandemia é excelente. Tudo se resolve no celular, e em casa mesmo.
E na contramão dessa realidade, estão os bancos tradicionais, que apenas dificultam as operações das empresas. Além de visarem tão somente o lucro, precisam manter a máquina girando e ainda remunerar seus acionistas. Caso um correntista movimente um valor alto por mês, até conseguiria acesso a juros menores, mas no caso de um empresário que acabou de começar a sua operação, é preciso preparar o bolso! Os juros de qualquer produto, ou “cesta” são caríssimos.
Segundo o Sebrae-SP, em 2018 mais de 20% das pequenas empresas fecharam as portas por falta de capital de giro. Junto com inadimplência, e problemas de gestão, são as principais causas de mortalidade das pequenas empresas brasileiras.
O principal desafio de um banco digital está alinhado a tecnologia, depois disso vem a atração de clientes. Muitas pessoas ainda têm medo de depositar o suado dinheiro em um banco digital e perder tudo.
Essa preocupação não tem nenhuma justificativa, visto que a mesma garantia ocorre nas instituições tradicionais em que o Fundo Garantidor de Creédito (FGC) devolve até R$250 mil reais. A análise de crédito das fintechs são bem diferentes se comparada aos bancos tradicionais, usam inteligência artificial para ajudar no processo e, além disso, esse levantamento de informação considera muitos fatores, o que ajuda inclusive a disponibilizar um crédito mais barato.
Por exemplo, muitos passam por dificuldades, principalmente agora. A análise tradicional vê apenas a empresa e caso esteja negativada, já tem a solicitação negada. A fintechs vão mais longe e validam mais informações. Analisam para quem aquele empresário vende, quantas operações de venda já realizou e com qual frequência, e também qual é o histórico de pagamentos dela.
Todos esses fatores colaboram para uma análise mais eficiente, reduzindo o risco de inadimplência e conseguintemente reduzindo a taxa de juros. Outro fator que ajuda tanto quem está começando ou já está em atividade há um certo tempo, são as antecipações de recebíveis, a grande vantagem está nas taxas e na agilidade do processo, além de ser muito transparente sem letrinhas miúdas.
(*) – Administrador de empresas, é empreendedor e fundou a fintech Certus que utiliza dados do seu software de gestão para conceder empréstimo e capital de giro (www.certus.inf.br).